Título: Marinho diz que mínimo será maior
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 02/09/2005, Política, p. A8

O governo vai dar um reajuste maior ao salário mínimo, apesar de a proposta orçamentária da União, divulgada na quarta-feira, ter definido em R$ 321 o valor a partir de maio de 2006, o que representa aumento de 7% sobre os atuais R$ 300. A informação foi dada ontem pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho. "Esse valor (R$ 321) não será mantido. Como ocorreu em 2004, o valor do projeto orçamentário não era de R$ 300, mas R$ 284. Vamos fazer isso de novo. É uma decisão política, mas precisa caber no Orçamento", revelou Marinho, sem dizer o valor que seria mais adequado. O ministro do Trabalho também informou que o governo admite fatiar a reforma sindical - aprovando o que é mais consensual - para dar um impulso ao seu andamento no Congresso. As prioridades que serão mantidas neste momento são, segundo Marinho, aperfeiçoamento nos poderes de negociação das entidades, aumento da transparência e melhora da representatividade, incluída nesse último item a garantia de os empregados escolherem representantes no local de trabalho. A histórica bandeira do fim da unicidade sindical - apenas um sindicato por município ou área - , defendida por amplos setores da Central Única dos Trabalhadores (CUT), pode ficar para depois. Marinho disse que, em 60 dias, pretende ouvir representantes de empregados e empregadores para construir um entendimento melhor que o atual e, com isso, dar velocidade à reforma. "Prefiro fazer algo do que não fazer nada", explicou. Sobre a derrubada do veto do Executivo que restaurou o aumento dos servidores do Legislativo, Marinho afirmou ontem que espera que o Supremo Tribunal Federal "corrija essa insanidade". O ministro quer marcar sua passagem pelo governo implementando uma política de Estado de valorização do salário mínimo. Um bom parâmetro, na sua opinião, é o custo da cesta-básica. Mas ele deixou claro que é contra a desvinculação entre mínimo e benefícios previdenciários. "Comigo aqui, isso não acontece", prometeu. Marinho justificou sua posição alegando que o salário mínimo tem de ser um indicador de desenvolvimento social. Nesse sentido, esse padrão de remuneração também tem de continuar sendo nacional. "Não podemos condenar os pobres a ficarem pobres. Não podemos apontar para o futuro um salário miserável. O cidadão tem de ser conduzido ao mercado de trabalho e não depender apenas da assistência social", defendeu.