Título: Autopeças investem US$ 1 bilhão em 2005
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 02/09/2005, Empresas &, p. B7

O festival de denúncias no ambiente político não interrompeu o ritmo de investimentos da indústria de autopeças, que precisou, neste ano, ampliar a capacidade para atender à demanda das montadoras. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Componentes Automotivos (Sindipeças), os investimentos do setor em 2005 vão chegar mesmo ao total de US$ 1 bilhão que a entidade calculava como necessário no início do ano. Isso representa um acréscimo de mais de 60% em comparação ao que foi gasto em 2004. A Valeo deve concluir até o primeiro semestre de 2006 as obras que vão erguer mais 8 mil metros quadrados na fábrica de 20 mil metros quadrados que produz alternadores, motores de partida e limpadores de pára-brisas em Campinas (SP). Segundo o presidente da companhia francesa, Alain Keruzore, a ampliação vem da necessidade de atender os atuais contratos e também da expectativa de crescimento. Além desse investimento, que consumirá R$ 25 milhões, a empresa acabou de erguer uma nova fábrica em Guarulhos (SP), com investimento de R$ 40 milhões. Essa unidade abrigará antigas linhas de maçanetas e fechaduras de veículos. "Em oito meses conseguimos eliminar 90% dos gargalos internos com a aquisição de máquinas e mudanças nas linhas", afirma Keruzore. Segundo ele, restam poucos pontos críticos com os fornecedores. Segundo o presidente da Valeo, a empresa está avaliando agora novas oportunidades de investimento. Os planos deverão ser concluídos daqui a dois meses. O executivo francês notou uma pequena freada no ritmo dos pedidos nas últimas semanas. Mas nada que impeça a indústria automobilística, segundo ele, de ultrapassar a meta de produção de 2,3 milhões de veículos neste ano. Ele atribui a redução no ritmo dos pedidos à perda de parte dos volumes de exportação anunciada pelas montadoras. Por outro lado, o executivo prevê recuperação a partir deste mês. "Apesar da crise no governo, a economia continua bem e tradicionalmente o segundo semestre é melhor do que o primeiro para a indústria automotiva", destaca. Os pedidos também continuam firmes na indústria de vidros Saint Gobain. Essa empresa enfrentava problemas de gargalos até o final do primeiros trimestre deste ano. Os problemas se concentravam no corte e lapidação dos vidros fornecidos pelo próprio grupo. Mas, segundo o diretor da área automotiva da companhia, Renato Holzheim, essas falhas foram resolvidas. Um alívio diante da expectativa das montadoras manterem elevado o ritmo das encomendas daqui para a frente, afirma Holzheim. "A grande alavanca da produção da indústria automobilística continua sendo a exportação", afirma o executivo. Na TRW, outro grande fornecedor da indústria automobilística, depois dos resultados da venda de carros no varejo, divulgada ontem, o diretor Wilson Rocha concluiu que daqui para a frente a produção diária de veículos vai se manter na média de 10 mil unidades. Somente no ano passado, a indústria de autopeças precisou contratar 16 mil novos operários para atender ao aumento de produção . (MO)