Título: Volkswagen Caminhões e Ônibus suspende segundo turno em agosto
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 02/09/2005, Empresas &, p. B7

O segundo turno de produção na fábrica de caminhões e ônibus da Volkswagen foi suspenso durante duas semanas em agosto. Nesses dias, os operários da segunda turma da fábrica instalada em Resende (RJ) ficaram em casa. Além da necessidade de fazer ajustes na linha para receber os modelos que serão lançados neste mês, o presidente da empresa, Roberto Cortes, admite que a medida foi tomada também para reduzir estoques, que subiram um pouco no mês passado. A situação foi, no entanto, normalizada ontem, quando o segundo turno retomou o trabalho. O setor de veículos pesados demonstra maior sensibilidade a fatores que podem perturbar a estabilidade econômica do país. "Ônibus e caminhões são produtos de alto valor; representam um grande investimento", lembra Cortes, que atribui à crise política parte da dúvida do consumidor de caminhões em renovar a frota. "Houve uma espécie de soluço nesse terceiro trimestre, apesar de os fundamentos da economia continuarem sólidos", diz o executivo. Segundo ele, depois do crescimento no primeiro semestre, o mercado de caminhões caiu em julho e não conseguiu se recuperar em agosto. Além das incertezas na esfera política, que no entender de Cortes podem ter levado o frotista a adiar a troca de veículos, o executivo aponta, ainda, os efeitos da perda de rentabilidade na agricultura por fatores como a seca na região Sul. Mesmo assim, a Volks Caminhões vai registrar crescimento neste ano. A direção da empresa prevê alcançar a produção de 38 mil veículos. Em 2004, o total foi de 37 mil. Segundo Cortes, não fosse o "soluço" do terceiro trimestre, a produção total poderia passar das 40 mil unidades. Pesa também a perda de competitividade no exterior. As exportações da Volks Caminhões vão crescer 30% neste ano, num total de 7,5 mil veículos. Mas, segundo Cortes, o volume embarcado para outros países poderia chegar a 10 mil unidades não fossem os aumentos de preços provocados pela desvalorização do dólar A montadora elevou os preços dos veículos vendidos no Chile e na Argentina entre 15% e 20%. Em mercados como o Chile, afirma Cortes, existe concorrência forte dos fabricantes japoneses. Em contato diariamente com os maiores frotistas do país, o presidente da Volks Caminhões e Ônibus prevê, no entanto, melhora no quadro do mercado interno a partir da aguardada redução da taxa básica de juros nas próximas semanas. Para ele, o quadro deve melhorar a partir de outubro. (MO)