Título: Furlan define setores para negociar com a China
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2005, Brasil, p. A2

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou que vai negociar com a China a restrição voluntária de exportações chinesas de pelo menos cinco setores, durante encontro com o ministro Bo Xilai, em Pequim, no dia 19. Furlan mencionou têxteis, calçados, brinquedos, eletrônicos e alguns tipos de maquinas, que os produtores brasileiros alegam entrarem no país a preços desleais. Ele exemplificou que no caso de máquinas injetoras de plástico (moldam o plástico do copinho de iogurte por exemplo), o preço do produto chinês que entra no Brasil é menor do que o custo da matéria-prima. "Eles (os chineses) oferecem restrição voluntária de exportação, mas aqui na Europa não funcionou", disse Furlan, depois de conversar com o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson. Dois meses depois de um acordo de cotas para algumas categorias de têxteis, 75 milhões de peças de vestuário procedentes da China estão estocados nos portos na Europa, porque a quantidade acertada já foi preenchida. Os chineses alegam que os contratos tinham sido fechados antes do acordo. Para os chineses, um acordo é mais interessante do que um pais aplicar a cláusula de salvaguarda, que limita o aumento das exportações chinesas a 7,5% do volume do ano anterior. Com os europeus, Pequim conseguiu negociar aumento de 12,5% em algumas categorias de têxteis. Por sua vez, o ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, deixou claro que tem pressa para acertar uma "cláusula de adaptação competitiva" para barrar produtos brasileiros que ameaçam causar danos à indústria argentina. Para Celso Amorim, das Relações Exteriores, "estamos indo na direção de uma cláusula inventiva, que pode ser uma comissão do Mercosul para decidir se existem condições para restringir temporariamente as exportações. O que não pode é ter unilateralismo, nem automatismo". Quanto ao adiamento de 2006 para 2008 da liberalização total do setor automotivo no Mercosul, por exigência da Argentina, o ministro Furlan observou que "o assunto não está totalmente resolvido, mas é evidente que a Argentina não quer que entre em vigor o livre mercado em 2006. Como vai ser, ainda não sei". Em Bruxelas, Lavagna reiterou que adotou licença não-automática de importação de sapatos para controlar a entrada do produto de terceiros países e "evitar que o Brasil perca sua fatia de mercado"´. (AM)