Título: Sky planeja atingir marca de 1 milhão de assinantes
Autor: Eliane Sobral
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2005, Empresas &, p. B1

TV por assinatura

Ricardo Miranda, presidente da Sky Brasil, operadora de TV por assinatura via satélite, tem um olho no calendário e outro no relatório mensal com os números da empresa. A briga contra o relógio é para alcançar um desafio que ele propôs à equipe: encerrar 2005 com a marca de um milhão de assinantes. "Não acho que seja algo inalcançável e estou certo de que vamos conseguir", diz ele. Ao final de 2004 a empresa tinha 858 assinantes, em junho já contabilizava um acréscimo de 3,15%, para 885. "Vamos alcançar a operação mexicana, que é uma economia mais próxima à nossa", observa o executivo, informando que a Sky México tem hoje 1,2 milhão de assinantes. Os números que a Sky Brasil persegue não considera a base de assinantes da DirecTV, por volta dos 450 mil assinantes, segundo estimativas do mercado. Em fevereiro passado, os acionistas das duas empresas anunciaram a fusão de seus ativos na América Latina. No Brasil, o processo ainda não teve parecer da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e, segundo a assessoria de imprensa da agência, não há nenhum prazo para análise. De acordo com fontes que acompanham o tema, a tendência é de que a Anatel aprove a fusão com algumas restrições. Comparado ao número total de assinantes de TV no Brasil, de 3,8 milhões, segundo dados da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), a participação da Sky ainda é pequena, embora a empresa seja a segunda maior em participação de mercado com 22% - perde para a NET, que tem 37%. Miranda diz que uma das principais ações para ampliar a presença da operadora nos lares brasileiros foi adotar um padrão de vendas comum apenas a Inglaterra e Itália. "Nosso plano de comercialização é como uma pirâmide. Oferecemos o pacote básico, o Sky Júnior, que custa R$ 49,90, e o Sky Família, que custa R$ 59,90. A partir daí, dividimos nossa oferta em duas grandes plataformas, filmes e esportes". Esportes é hoje um dos maiores filões de renda da operadora. "Sozinho, o futebol representa algo entre 5% e 8% da nossa receita. Somos responsáveis pela venda de dois terços dos pacotes dos campeonatos Brasileiro e estaduais do canal Premier Esportes". Segundo dados da Globosat, que comercializa o canal Premier Esportes, desde o início do Campeonato Brasileiro, em abril passado, até agora, já foram vendidos 250 mil pacotes. O aumento no número de assinantes e a boa performance de alguns produtos, como o futebol, garantiram uma boa receita para a Sky nos seis primeiros meses deste ano. De acordo com dados da empresa, o faturamento bruto alcançou a marca dos US$ 192 milhões no primeiro semestre. O Ebtida (lucro antes de impostos, pagamento de juros e amortizações) somou US$ 25,5 milhões em igual período. Lançada em 1996 a Sky é uma joint venture entre três grandes empresas da mídia mundial: a News Corp, que tem 49,7% das ações; a Organizações Globo com participação de 40,3%; e a Liberty Global, que os 10% restantes. Os investidores ainda não viram o retorno do capital investido. Em 2003 a operação brasileira registrou prejuízo de US$ 809 milhões e de US$ 782 milhões em 2004. Agora, só no primeiro semestre de 2005, o prejuízo alcança US$ 833,5 milhões. "Ainda nos falta pagar US$ 200 milhões do leasing do satélite e estamos amortizando um empréstimo de US$ 210 milhões. Nosso maior problema é a desvalorização cambial. Todos os nossos equipamentos ou são importados ou têm componentes importados e a defasagem entre dólar e real tem feito um estrago no nosso caixa". E de números ele entende. Ricardo Miranda fez sua carreira no mercado financeiro. Antes de entrar na Sky, como diretor financeiro, Miranda trabalhava para o Citibank. "Descobri aqui esse meu lado vendedor."