Título: Rebeldes ou aliados, os autômatos povoam as telas
Autor: João Luiz Rosa e Ricardo Cesar
Fonte: Valor Econômico, 05/09/2005, Empresas &, p. B3

Quem tem medo dos robôs? Desde a origem da expressão, na década de 20, os seres autômatos exercem um fascínio ambíguo sobre a imaginação das pessoas. Eles podem aparecer como figuras simpáticas, como o robô da série de TV "Perdidos no Espaço" (1965) - sempre disposto a proteger o menino Will Robinson - ou mesmo dramáticas, a exemplo do garotinho-robô de "A.I. - Inteligência Artificial" (2001), o longa-metragem de Steven Spielberg. Uma dúvida, no entanto, persiste: no futuro, quando forem mais fortes e mais rápidos que os seres humanos, os robôs não vão se rebelar contra seus criadores? A pergunta remete à própria origem da palavra robô. A expressão foi usada pela primeira vez em 1921, na peça R.U.R (Rossum's Universal Robots), do tcheco Karel Capek. O dramaturgo cunhou a expressão a partir da palavra "robota", que quer dizer servo, mas tem uma implicação mais sinistra - "trabalho forçado". Assim, se os robôs são escravos, como saber se um dia eles não vão se revoltar? Foi isso o que tentaram fazer os andróides de "Blade Runner" (1982) no filme de Ridley Scott, embora sem sucesso. Os robôs teriam sua vingança, entretanto, em fitas como "O Exterminador do Futuro" (1984) e "Matrix" (1999). Nos dois casos, as máquinas derrotam a humanidade e ficam muito perto de exterminar os últimos focos de resistência. Às vezes, os robôs agem contra a sociedade a mando de vilões humanos. Em "Capitão Sky e o Mundo de Amanhã" (2004) eles são cria de um cientista louco disposto a - adivinhe - destruir o mundo, e no clássico "Metropolis" (1926), a sedutora Maria é usada para incitar uma revolta popular. Na trama, isso daria oportunidade à classe dominante de esmagar os revoltosos. Na maioria das casos, porém, os robôs ficam longe da política e só querem conviver em paz com a humanidade. Os membros da família futurista "Os Jetsons" (1962), da dupla Hanna-Barbera, nunca tiveram problemas com Rosie, sua empregada-robô. As fronteiras entre humanos e robôs podem até diminuir no mundo da ficção. Basta lembrar das séries "O Homem de Seis Milhões de Dólares" (1974) e "A Mulher Biônica" (1976), em que humanos são equipados com próteses biônicas, e de Robocop (1987), um policial transformado em robô. Há também os autômatos que sonham em fazer o caminho inverso, como "O homem bicentenário" (1999), que aos poucos vira gente. Pinóquio se emocionaria. (JLR)