Título: País cria aeroporto industrial em Belo Horizonte
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2004, Brasil, p. A-3

Ainda em novembro serão inauguradas, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as instalações do primeiro aeroporto industrial - ou aeroporto exportador - do país, no complexo aeroportuário de Confins, em Belo Horizonte. Na primeira fase do projeto, em uma área de 20 mil metros quadrados, serão instaladas quatro ou cinco indústrias que, beneficiadas por isenção fiscal e um software especial desenvolvido pela Infraero com a Receita Federal poderão importar produtos com isenção de impostos para fabricar mercadorias e exportar diretamente. O aeroporto, parte da política industrial anunciada pelo governo, funciona em regime semelhante ao das Zonas de Processamento de Exportação, com um sistema de drawback (importação de insumos livre de impostos para produtos de exportação) automático. As empresas, por concorrência pública, adquirem terrenos nas vizinhanças do aeroporto, com direito a uso por vinte a trinta anos, com infra-estrutura oferecida pela Infraero e um canal direto de trânsito de mercadorias, com o mínimo de burocracia. O governo ainda negocia as condições de isenção dos impostos estaduais para o aeroporto industrial de Confins, modelo que deverá orientar os projetos em outros aeroportos. O primeiro aeroporto industrial deverá atender a indústrias do setor eletroeletrônico (empresas asiáticas de telefone celular e computadores já mostraram interesse), grandes laboratórios farmacêuticos e a Associação de Produtores de Jóias do Estado de Minas Gerais, que pretende trazer do exterior ouro, prata e outros metais preciosos para fabricar jóias no país, exportando mercadorias de maior valor agregado que as atuais pedras vendidas ao exterior. As empresas devem investir entre US$ 10 milhões a US$ 15 milhões. A Infraero já investiu cerca de US$ 3 milhões para o software que permitirá a automatização do ingresso e reexportação de bens, segundo o superintendente de logística da estatal, Gustavo Schild. "Pela primeira vez, Estado, município e União se unem para um projeto desses, de incentivo à exportação", comenta Schild. Confins funcionará como teste para a instalação de programas semelhantes em outros aeroportos do país, como mostraram os executivos da empresa na última reunião do Conselho de Desenvolvimento Industrial. O próximo aeroporto industrial deve ser o de São José dos Campos, para atender à Embraer e o setor aeronáutico. A Infraero realiza um estudo para identificar a vocação de cada aeroporto e aproveitar o que os especialistas chamam de arranjos produtivos locais - aglomerados de empresas dedicadas ao mesmo setor industrial. A estatal estuda aproveitar a infra-estrutura e a localização do aeroporto de Petrolina, na rota dos vôos para Europa e Estados Unidos, para transformá-lo em aeroporto industrial dedicado à produção de bens de alta tecnologia e mercadorias perecíveis, como flores, frutas e pescado. O aeroporto possui uma pista com 3,25 quilômetros de extensão, "Nas apresentações que faremos em busca de investidores, queremos apresentar cada aeroporto com suas especificidades", comenta o diretor comercial da Infraero, Fernando de Almeida. A concorrência pública para Confins será ainda no primeiro semestre de 2005; a de São José dos Campos pode sair até setembro.