Título: PSDB leva grandes cidades e PT, as médias
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2004, Política, p. A-4

O PT perdeu terreno nas grandes cidades e avançou nas médias e pequenas na primeira eleição que disputou como governo federal. O partido venceu em apenas 14 das 68 cidades com mais de 200 mil eleitores. Em 2000, quando esse universo de cidades somava 58, o partido ganhou em 17 delas. A queda petista foi acompanhada da ascensão do PSDB, que pulou de 11 cidades para o empate com o PT . O PMDB recuou de nove para oito cidades grandes. O PDT registrou o maior crescimento nesta faixa, passando de três para seis cidades. É seguido pelo PFL e pelo PSB, que tinham três grandes municípios e agora terão cinco cada. Foram nas cidades médias, entre 50 mil e 200 mil eleitores, que o PT conseguiu seu avanço mais significativo. Do grupo de 274 municípios nessa faixa, o partido conseguiu 43 vitórias, 13 a mais do que em 2000, quando eram 240 localidades. Avançou de 12,5 % para 16% no total das prefeituras.

Nas cidades intermediárias, os tucanos perderam espaço . Há quatro anos, o PSDB venceu em 46 municípios, sendo a principal força nessa faixa do eleitorado. Neste ano, fez 41 prefeituras médias e perdeu a condição de maior partido para o PMDB, além de ser ultrapassado pelo PT. O resultado destes 274 municípios, o PMDB mostrou que é prematuro considerá-lo um partido dos grotões. Os pemedebistas passaram de 36 para 46 prefeituras, nove em São Paulo e oito no Rio. Controladas pelos ex-governadores Orestes Quércia e Anthony Garotinho, estas são duas seções do PMDB favoráveis ao rompimento com o governo federal. O rótulo de partido das pequenas cidades é mais ajustado ao PP, que tinha 19 cidades médias depois da eleição de 2000 e agora terá apenas 17. Em São Paulo, que concentra 69 desses municípios, o PP não venceu em uma única cidade nessa faixa. Na terra da maior expressão eleitoral do partido, o ex-governador Paulo Maluf, a cidade mais importante que o PP governa é Fernandópolis, com 45 mil eleitores. Na geopolítica dessa faixa eleitoral, o PFL saiu-se relativamente intacto: recuou de 33 para 32 municípios médios, mantendo-se como o partido mais expressivo entre as 57 cidades nordestinas desse grupo, com dez prefeituras. O PT passou a ser o partido mais forte no conjunto das 32 cidades médias do Norte e do Centro-Oeste, avançando de três cidades nas eleições de 2000 para nove este ano. O PSDB é a legenda dominante em São Paulo e Minas Gerais, e o PMDB divide a hegemonia com o PT e o PSDB nas 52 cidades médias da região Sul. Entre os municípios de menor população, a regra é o prefeito pertencer ao partido do governador. Mas há exceções importantes, que mostram a fragilidade do poder estadual. No Mato Grosso do Sul e no Piauí, os governadores petistas Zeca do PT e Wellington Dias assistem o predomínio do PDT e do PFL, respectivamente. Na Paraíba, o governador tucano Cássio Cunha Lima não conseguiu dar musculatura ao seu partido e, nas cidades entre 10 mil e 50 mil eleitores, impera o rival PMDB. Nas abaixo de 10 mil, quem predomina é o PFL. Em Rondônia, o PTB supera o PSDB do governador Ivo Cassol nos pequenos centros. Os governadores de Roraima e Espírito Santo estão sem partido político. Entre os 1.828 municípios com 10 mil a 50 mil eleitores, o PT também teve o maior crescimento, mas partiu de uma base muito baixa. Conquistou este ano 134 prefeituras, ou 7,3% do total. Em 2000, quando havia 1.711 cidades nessa situação, o partido ganhou só em 80 cidades, ou 3,5% da amostra. O PMDB perdeu terreno nessa faixa, caindo de 21% para 17,4%. O PSDB recuou de 17,7% para 16% e o PFL, de 17,5% para 13,3%. Nos 3.391 municípios com menos de 10 mil eleitores, o PT deixou de ser nanico, mas seu imenso crescimento é relativizado pelo baixo patamar de onde partiu. Tinha 80 prefeituras, ou 2,3% dos 3.549 "grotões" em 2000. Agora tem 219, ou 6,4 %. O PMDB caiu de 23,9% para 20,2% do total e o PFL despencou de 19,9% nesta faixa para 14,7%, sendo ultrapassado pelo PSDB, que tinha 17,6% e passou para 15,2%.