Título: Serviços pressionam
Autor: Vânia Cristino
Fonte: Correio Braziliense, 23/04/2010, Economia, p. 12

O gasto com serviços ¿ que inclui viagens internacionais e aluguel de equipamentos ¿ subiu muito em março, pegando o Banco Central e o mercado de surpresa. Segundo o BC, os serviços foram responsáveis por um quarto do deficit em transações correntes, de US$ 12,145 bilhões no primeiro trimestre do ano. E a tendência é que as despesas com serviços continuem elevadas durante todo o ano. De acordo com Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC (Depec), a própria dinâmica da economia favorece o crescimento do deficit na conta de serviços. Melhora na balança comercial, por exemplo, com incremento na corrente de comércio, leva às alturas os gastos com transportes internacionais, notadamente fretes marítimos. Atividade econômica intensa também aumenta as despesas com aluguel de equipamentos. Ganho de renda e o de emprego favorecem as viagens internacionais, um dos itens que mais sobe nessa conta. Tanto em março, quanto no acumulado do ano o deficit em viagens explodiu. Em março deste ano, o saldo líquido de viagens (diferença entre o que os brasileiros gastam lá fora e os estrangeiros aqui dentro) foi negativo em US$ 543 milhões, subindo para US$ 1,685 bilhão no trimestre. Em março do ano passado, quando os brasileiros ainda enfrentavam a crise financeira mundial, o saldo líquido de viagens internacionais foi negativo em US$ 124 milhões em março e US$ 495 milhões no trimestre. Até 22 de abril, os dados coletados pelo BC mostram que os brasileiros continuam gastando muito no exterior. Enquanto os estrangeiros, em visita ao país, deixaram no Brasil US$ 318 milhões entre 1º e 22 de abril, os brasileiros gastaram fora do país US$ 769 bilhões. A conta, portanto, já está negativa em US$ 451 milhões no mês. Em computação e informações, o saldo negativo no trimestre passou de US$ 588 milhões em 2009 para US$ 838 milhões este ano. No aluguel de equipamentos, a situação se repete. O deficit de US$ 1,948 bilhão de janeiro a março de 2009 virou US$ 2,880 bilhões nos primeiros três meses de 2010. (VC)