Título: Dívida pública deve voltar a crescer em abril
Autor: Vânia Cristino
Fonte: Correio Braziliense, 23/04/2010, Economia, p. 12

CONTAS

O endividamento público deve voltar a crescer de forma acentuada em abril, ao contrário do que ocorreu no mês passado. Considerando apenas a emissão de dívida externa feita há uma semana, no valor de R$ 1,379 bilhão, a expansão do passivo chegará a 9,1 vezes o valor acrescido às obrigações em março (R$ 150 milhões). Há ainda a emissão do Tesouro Nacional feita nesta semana, de R$ 74,2 bilhões, para capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O dinheiro será usado para financiar projetos de expansão de empresas privadas e de infraestrutura pública, como a construção da usina Belo Monte, no Rio Xingu. Na maioria das vezes, o governo emite dívida para financiar gastos e obras públicas. Outras razões são, principalmente, a constituição de reservas em moeda estrangeira e o fomento ao investimento privado. Isso ajuda a diminuir pressões inflacionárias e garante o crescimento econômico sustentável. Em contrapartida, há o aumento das obrigações financeiras. Se por um lado o governo está ampliando o endividamento, por outro, o Tesouro está efetuando resgates de títulos públicos. Já no primeiro dia deste mês, o governo retirou do mercado R$ 17,407 bilhões em papéis prefixados (que têm remuneração definida no ato da compra). E, no dia 15, recolheu outros R$ 50 milhões, em títulos atrelados à Selic.

Custo em alta Algo que já vinha sendo feito em março e que resultou no pequeno aumento de R$ 150 milhões da dívida pública no mês. No período, foram emitidos R$ 36,05 bilhões em novos títulos. Ao mesmo tempo, o governo comprou de volta papéis que estavam vencendo, totalizando R$ 50,39 bilhões. Com isso, houve uma diminuição de R$ 14,34 bilhões na dívida bruta. Mas os juros pagos aos investidores de títulos de mais longo prazo foram incorporados ao total da dívida, despesa que em março alcançou R$ 14,69 bilhões. Dessa forma, o endividamento público no mês passado ficou praticamente estável. Nos últimos 12 meses terminados em março, o custo médio acumulado da dívida pública foi de 9,32% ao ano. Em fevereiro, esse número havia sido de 9,1%. Uma das razões para essa evolução é o aumento da inflação, que corrige boa parte dos papéis ofertados pelo governo. Como os preços estão subindo bastante, o custo médio da dívida tem ficado acima da taxa básica da Selic, hoje em 8,75% ao ano. ¿Nestes últimos meses, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, a inflação oficial) aumentou bastante, e isso impacta no custo total¿, disse o coordenador de Operações da Dívida Pública, José Franco de Morais.