Título: Meirelles contesta FMI
Autor: Luciano Pires
Fonte: Correio Braziliense, 23/04/2010, Economia, p. 13

CONJUNTURA

Para o presidente do BC, a economia vai crescer mais do que os 5,5% calculados pelo Fundo Monetário

Enviado especial Comandatuba (BA) ¿ As previsões de que a economia brasileira poderá crescer acima do esperado em 2010 parecem não assustar o Banco Central (BC). O presidente do BC, Henrique Meirelles, disse ontem que a estimativa feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) é ¿conservadora¿. Para ele, em vez dos 5,5% de expansão calculados pelo organismo, o país terá um salto de 5,8%. Meirelles afirmou, no entanto, que todas as ferramentas disponíveis serão utilizadas para evitar o descontrole inflacionário e combater um possível superaquecimento. A uma plateia de empresários que respondem por 40% do Produto Interno Bruto (PIB) privado, o presidente do BC defendeu o sistema de metas de inflação, o câmbio flutuante e o superavit primário como formas de manter a estabilidade. Em seu último relatório, divulgado na quarta-feira, o FMI destacou que os estímulos concedidos pelo governo precisam ser retirados logo. O fundo vê sérios riscos de que o pacote fiscal para amenizar os efeitos da crise deixe o país exposto. Meirelles rebateu: ¿O Brasil já reverteu várias medidas anticrise, recompôs o compulsório e reverteu ações no mercado de câmbio. O BC está em plena estratégia de saída¿. Cobrado por representantes do varejo e políticos da oposição presentes ao 9º Fórum Empresarial de Comandatuba (BA), o presidente do BC desconversou sobre a provável alta dos juros. ¿A tendência da Selic a longo prazo é cadente. Há um menor risco macroeconômico, menor risco de inflação. A Selic tem de ser fixada para controlar a inflação. Na medida em que a inflação se mantém baixa, com o passar do tempo, temos uma queda como mostra a história¿, disse. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana. Depois de se encontrar com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, em Washington, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou que a economia vá crescer exageradamente. ¿Ela está aquecida, mas não superaquecida. Não identifico inflação de demanda no Brasil. É preciso parar com essa paranoia de ter de subir juros. Nós vamos conseguir cumprir a meta de inflação em 2010 e 2011¿, disse. Mantega afirmou que não há bolha financeira no país e evitou arriscar qualquer palpite para o resultado da reunião do Copom.