Título: Marta perde, mas está no páreo ao governo do Estado
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2004, Política, p. A-7

" Boa sorte " e " Que você seja feliz " foram algumas das frases que a prefeita Marta Suplicy (PT) ouviu no seu périplo por cinco escolas antes de votar ontem em São Paulo. Fora a militância, com camisetas vermelhas, as pessoas abraçavam a candidata já pressentindo a possível derrota. Marta, com 2,7 milhão de votos, ficou 600 mil votos ou dez pontos atrás do tucano, e reconheceu a derrota às 20h26, mesmo momento em que cumprimentou José Serra (PSDB) e desejou-lhe " o melhor governo para a cidade " . " A luta continua, democracia é isso " , completou. O presidente nacional do partido, José Genoino, disse que Serra foi eleito " utilizando a rejeição à candidata e explorando alguns preconceitos que existem em relação a Marta " . Ele insistiu na tese de que o tucano não apresentou propostas concretas de governo. Para o ministro José Dirceu o resultado ia ser visto com " humildade " . Marta, durante todo dia, não deixou transparecer desesperança em relação ao resultado final. Ela ainda acreditava na virada e dizia que o debate não tinha sido captado nas pesquisas. A candidata do PT, porém, não conseguiu transformar em votos a avaliação dos que consideravam sua administração ótima ou boa. No Datafolha, 48% dos entrevistados aprovaram seu governo, mas Marta conseguiu apenas 45% dos votos válidos. Essa foi a primeira vez que o PT disputou com o PSDB o segundo turno das eleições na cidade de São Paulo e perdeu em uma disputa na qual o malufismo esteve de fora. Derrotada, Marta perde a capital, mas não deixa de ter seu nome cotado ao governo do Estado em 2006, pleito em que o PSDB, com Serra na prefeitura, fica sem um nome forte para a disputa, já que Alckmin não pode se recandidatar. Marta já disputou este posto em 1998 e ficou em terceiro lugar. Para Dirceu, Marta teve uma votação expressiva, foi bem avaliada e sai do governo com muita força: " Muita gente sai e vai ocupar cargos importantes no governo " . Outro nome ventilado dentro do PT para o Palácio dos Bandeirantes é o do senador Aloizio Mercadante, que esperava a reeleição na capital para não ter que disputar com Marta uma eventual prévia no partido. Ontem, negou que seja candidato desde já e disse que o PT deve fazer uma " ampla consulta " antes de definir um candidato em 2006. Mercadante minimizou os efeitos nacionais da derrota em capitais importantes, como São Paulo e disse que o PT fará um transição tranqüila: " A eleição municipal depende da dinâmica local, do perfil do candidato, das alianças " . Quem anunciou que volta à cena política em 2006 foi o ex-prefeito Paulo Maluf (PP): " Vida pública é uma vocação; é como ser padre, pastor, médico ou enfermeiro. E eu tenho vocação de vida pública. De maneira que, em 2006, se tiver saúde, estarei por aí " , disse, pouco antes de votar. Maluf apontou o presidente Lula como exemplo de que derrotas não servem como justificativa para abandonar a política. " Se Lula tivesse ouvido muitos dos seus conselheiros pessimistas, hoje não seria presidente. "