Título: Aumento da oferta pode reverter alta das cotações
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 09/09/2005, Agronegócios, p. B12

Os preços do açúcar refinado vêm batendo constantes recordes no mercado internacional, como reflexo do recuo de oferta do produto por parte da União Européia, maior exportadora deste tipo de açúcar. Na última segunda-feira, as cotações alcançaram os maiores patamares desde 1997. Para analistas, se a UE resolver colocar seu excedente no mercado, os preços da commodity nas bolsas de Londres e Nova York deverão reverter o movimento altista, observado nas últimas semanas. Segundo Júlio Maria Martins Borges, da Job Economia e Planejamento, importantes empresas produtoras de açúcar européias anunciaram que terão uma produção maior. "A dinamarquesa Danisco informou que sua produção de açúcar deverá superar a cota de produção a ela estabelecida, de 1,1 milhão de toneladas. A safra de açúcar da UE será muito boa". O cenário atual é de oferta apertada para açúcar branco no mercado internacional, o que influencia não somente a bolsa de Londres, onde o açúcar branco é referência, como Nova York, que tem o tipo demerara - maior parte da exportação brasileira - como parâmetro. Nos últimos 12 meses, os preços do açúcar dispararam. Em Nova York, a commodity acumula alta de 23,3%. Em Londres, a alta chega a 20,55%. A Europa é o maior produtor e exportador mundial de açúcar refinado, com cerca de 18 milhões de toneladas por ano. A produção mundial de açúcar gira em torno de 145 milhões de toneladas anuais, dos quais 40% são de açúcar refinado, informou Martins Borges. No mercado livre de açúcar - volume negociado no mercado internacional - são comercializados cerca de 36 milhões de toneladas, entre demerara e branco. Também sustentam os preços do açúcar no mercado internacional a boa demanda por parte dos países asiáticos - a China deverá ter quebra de produção - e o fato de as usinas brasileiras aumentarem a produção de álcool.