Título: Após vitória em Curitiba, Richa diz que diferenças com Requião serão superadas
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2004, Política, p. A-09

Menos de uma hora depois de encerrada a votação, o tucano Beto Richa, de 39 anos, pôde comemorar a vitória em Curitiba. Com 494 mil, ou 54,7% dos votos válidos, ele derrotou o petista Angelo Vanhoni, 49, que pela segunda vez disputou o segundo turno na capital paranaense e conseguiu 408 mil votos. Em 2000, Vanhoni perdeu para Cassio Taniguchi (PFL), que tinha Richa na chapa como vice. Richa liderou a apuração desde o início e, logo depois de certificar-se de que não havia mais chance para o adversário, foi ao Tribunal Regional Eleitoral, onde falou com a imprensa. "Acabam agora as divergências e temos de trabalhar em prol dos curitibanos", disse. Ao ser questionado sobre como será o relacionamento com o governador Roberto Requião (PMDB), que chegou a afastar-se do cargo para reforçar a campanha de Vanhoni, ele disse não estar preocupado. "O Requião me respeita", afirmou.

A festa da vitória aconteceu na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, que fica ao lado da Prefeitura e também do Palácio Iguaçu, sede do governo. Apesar de ter usado o apoio de Requião e do presidente Lula como um dos argumentos de campanha, Vanhoni mudou o discurso após a derrota. "Mando para ele um forte abraço. Não haverá discriminação do governo do Estado e do governo federal. Ele pode ficar tranqüilo", avisou. Acabada a disputa, ele informou que voltará para a Assembléia, para concluir o mandato de deputado estadual. Pela manhã, o clima era outro. Ao mesmo tempo em que mostrava-se confiante na vitória e comentava a pesquisa RPC/Ibope divulgada na noite de sábado, que lhe dava vantagem de sete pontos, Richa reclamava de agressões verbais sofridas na reta final. Principalmente as denúncias de que, como deputado, teria votado a favor de privatizações de empresas como Banestado, Copel e Sanepar. "São ataques levianos", afirmou, confirmando ter sido favorável à venda do Banestado porque o banco dava prejuízos ao Paraná. Requião, que acompanhou Vanhoni durante a votação, mostrou-se irritado com as pesquisas e disse que, embora com pequena diferença, o petista venceria. O governador não confirmou a possibilidade de contar com o apoio do PT em 2006 para uma possível reeleição. "Política para mim não é negócio. Apoiei quem devia ser apoiado e não espero retorno. Se tiver, será voluntário", garantiu. Casado, pai de três filhos, Richa é engenheiro civil e filho do ex-governador José Richa, que morreu em 2003. Foi duas vezes deputado estadual e, em 2002, perdeu a disputa ao governo do Paraná. Ele disse que ainda não definiu a equipe de secretários e que, nos próximos dias, falará com Taniguchi, com quem afirmou ter rompido relações, para tratar do trabalho de transição. Houve segundo turno em quatro cidades paranaenses e o PT estava presente em todas elas. O partido obteve resultado favorável apenas em Londrina, norte do estado, onde Nedson Micheleti (PT) elegeu-se com 53,25% dos votos e derrotou Antonio Belinatti (PSL). Mas, além de Curitiba, perdeu também em Maringá, no noroeste, onde Sílvio Barros (PP), com 53,5% dos votos, venceu João Ivo Caleffi (PT). Em Ponta Grossa, região central, Péricles Mello (PT) perdeu para Pedro Wosgrau (PSDB), que conseguiu 51,7% dos votos.