Título: Suzano e VCP tentam retomar incorporação
Autor: Raquel Balarin
Fonte: Valor Econômico, 06/09/2005, Empresas &, p. B7

Papel e celulose Paralisação da reestruturação da Ripasa pode custar R$ 164 milhões ao ano, segundo advogados

A Votorantim e a Suzano deram início ontem a uma cruzada na tentativa de reverter decisões da Justiça paulista que impediram a realização das assembléias que concretizariam a reestruturação societária da Ripasa, empresa de papel e celulose adquirida por ambas em abril. A paralisação do processo pode causar prejuízo anual de R$ 164 milhões, segundo cálculos das duas empresas com base no aumento de produtividade previsto, de 170 mil toneladas. A reestruturação prevê a transformação da Ripasa em unidades operacionais da Votorantim e da Suzano. Em uma primeira etapa, a empresa seria incorporada pela holding Ripar e passaria a ser sua subsidiária integral. Depois disso, haveria uma cisão - metade da empresa passaria à Votorantim e a outra metade, à Suzano. A liminar que suspendeu as assembléias de reestruturação foi dada pela 19ª Vara Cível de São Paulo em processo movido por três minoritários da Ripasa: os fundos de investimento Polo HG, administrado pela Hedging-Griffo, Fator Sinergia e Fator Sinergia II, administrado pelo Fator. Juntos, eles detêm 6% do capital total da Ripasa. Os fundos defendem a necessidade de uma Oferta Pública de Ações (OPA) antes da incorporação da Ripasa pelos compradores e o direito de receber 80% do que foi pago aos acionistas controladores, o chamado "tag along". Suzano e Votorantim recorreram da liminar, mas o desembargador Elcio Trujillo, da 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou uma decisão preliminar que permitiria os compradores a retomar o processo de reestruturação da Ripasa. Deixou para decidir sobre o caso no julgamento do recurso - o que poderia levar meses. O advogado Sérgio Bermudes, que assumiu a defesa de Votorantim, Suzano, Ripar (holding criada para comprar as ações da Ripasa) e Ripasa na sexta-feira, entrou ontem com uma contestação da liminar dada pela Justiça de primeira instância e também com um agravo regimental na 3ª Câmara de Direito Privado, pedindo que o desembargador Trujillo reconsidere seu despacho ou o submeta aos dois outros membros da Câmara. "A Comissão de Valores Mobiliários já havia aprovado a incorporação. Esses fundos não querem anular a venda da Ripasa. Querem é vender suas ações a preços escorchantes", diz Bermudes. Nos recursos apresentados ontem, o advogado diz que os minoritários são preferencialistas e que a legislação que prevê o pagamento de "tag along" estabelece o direito a detentores de ações ordinárias. Bermudes também sustenta que, se o objetivo dos fundos de investimento é receber um valor mais alto por suas ações, não há necessidade de inviabilizar as assembléias da reestruturação. Se, em última análise, a Justiça decidisse que os fundos estavam corretos, grupos como Votorantim e Suzano teriam recursos suficientes para honrar o pagamento, sustenta o recurso.