Título: Palocci defende "gesto concreto" do país na OMC
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2005, Brasil, p. A3

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ontem que o governo brasileiro precisa fazer "gestos concretos" de abertura comercial para poder exigir mais acesso dos produtos brasileiros ao mercado internacional. Palocci lamentou o vazamento, na última semana, de documento interno do ministério que tratava da proposta de redução da tarifa máxima de importação de produtos industrializados. Segundo o ministro, o documento - que propunha a redução da tarifa máxima de 35 para 10,5 por cento e foi divulgado com exclusividade pelo Valor- não é uma posição fechada de governo e servia como base de discussão interna para definir a posição final do país a ser defendida na Organização Mundial de Comércio (OMC) na Rodada Doha de negociação comercial. Ainda assim, Palocci insistiu na importância de o Brasil ter disposição de fazer "gestos concretos" de abertura para conseguir avançar nas negociações. "Temos que jogar forte na OMC para extrair resultados disso", afirmou Palocci durante sessões de perguntas no fórum organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O ministro está convencido de que, se o Brasil insistir no esforço fiscal, em cinco anos - ou até antes -, poderá "experimentar o chamado déficit nominal zero". Referindo-se à evolução recente do déficit nominal, Palocci observou que o superávit primário foi capaz de "trazer o déficit nominal para valores bem mais civilizados". Segundo números citados pelo ministro, esse percentual chegou a 14% do PIB na crise de 1999, passando para cerca de 10% em 2002 e, recentemente, representa em torno de 2% a 2,5% do PIB. "Se nós tivermos comportamento fiscal adequado, vamos eliminar o déficit nominal e a trajetória da dívida pode ter uma evolução não linear, mas com profundidade de redução e com benefício para a economia" . Para Palocci, o esforço fiscal não suprime as iniciativas na área social, mas sim " permite consolidar e ampliar investimentos sociais ". Segundo o ministro, é o desequilíbrio fiscal que desestrutura os aportes em tais políticas. (Agências noticiosas)