Título: Esquerda alemã faz críticas ao PT e a Lula
Autor: Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2005, Internacional, p. A9

A esquerda alemã está desiludida com o Partido dos Trabalhadores. "O PT não pode ser mais um exemplo de partido de esquerda para o mundo porque tentou corromper deputados", afirma Michael Prüst, dirigente de coligação Nova Esquerda (que reúne o PDS e o Wasg). A Wasg (Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social) foi criada em fevereiro deste ano como um partido de oposição de esquerda. Entre seus principais fundadores, assim como aconteceu com o partido brasileiro, estão líderes metalúrgicos. De acordo com Prüst, a criação da Wasg foi bastante influenciada pelo modelo do principal partido de esquerda do Brasil. "Mas agora o PT não merece mais crédito porque Lula também não consegue mais realizar seu programa social e representar os desejos das pessoas que o elegeram", diz Prüst. Entre os principais membros da Wasg estão dissidentes do partido do chanceler Gerard Schröder, o SPD (Partido Social Democrata). O maior representante da Wasg é Oskar Lafontaine, ex-presidente do SPD. "Para nós, o SPD já estava muito neoliberal, por isso resolvemos criar um novo partido e concorrer as eleições", explica Prüst. Para participar das eleições federais que ocorrem no próximo domingo, a Wasg se associou ao PDS (Partido do Socialismo Democrático), sucessor do Partido Comunista, que foi legenda única da antiga Alemanha Oriental. Nas pesquisas eleitorais, a chamada Nova Esquerda (PDS/Wasg) está com 8,9% das intenções de voto. Entre suas principais bandeiras estão a criação de um salário-minimo de ? 1.400. Hoje o país não tem uma remuneração básica para seus trabalhadores. Além disso, a Nova Esquerda defende tambem o aumento do pagamento de impostos para empresas e pessoas de maior renda. Segundo as últimas pesquisas de opinião, o SPD tem 33% das intenções de voto, enquanto a União Democrata Cristã (CDU), liderada por Angela Merkel, tem 42%. O Partido Liberal e os Verdes têm cada um 7%. Se as pesquisas se confirmarem, nenhum dos dois grande partidos do país conseguiria formar sozinho uma coalizão com seus tradicionais aliados, o que poderia dar razão a uma "grande aliança" entre SPD e CDU.