Título: Petrobras reduz custo com "plataformas genéricas"
Autor: Chico Santos e Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2005, Empresas &, p. B8

Com o objetivo de obter mais flexibilidade e de reduzir custos, a Petrobras decidiu partir para a construção de "plataformas genéricas", expressão usada pelo diretor de exploração e produção da estatal, Guilherme Estrella, em alusão aos remédios genéricos, que por não terem marca são mais baixos. Segundo o executivo, a empresa está fazendo o projeto de engenharia de duas plataformas marítimas de produção de petróleo que terão como principal característica serem usadas tanto em águas rasas como em águas profundas. Até agora, as plataformas compradas pela Petrobras são feitas já de acordo com o local no qual elas irão operar. Segundo Estrella, o modelo genérico deverá sair mais barato do que as unidades feitas sob medida e que estão custando em torno de US$ 500 milhões cada uma. A licitação para a compra das duas unidades deverá ser feita em 2007 e as plataformas serão postas em operação daqui a cinco anos. A primeira unidade terá capacidade de produção de 100 mil barris de óleo por dia e capacidade para estocar até 800 mil barris de óleo. A outra, a ser utilizada em programas de desenvolvimento de produção de campos novos, terá capacidade para produzir até 30 mil barris de petróleo por dia e espaço para estocagem de até 300 mil barris de óleo. A Petrobras começou a produzir petróleo no mar nas águas rasas (30 metros de lâmina d'água) da costa de Sergipe, no final da década de 1960. Hoje a empresa produz óleo na bacia de Campos (RJ) a quase 2 mil metros de lâmina d'água. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse ontem, durante o seminário "A Estratégia Brasileira para o Setor de Petróleo e Gás", que o Brasil atingirá no final deste ano a autosuficiência em petróleo e que em 2010 a estatal estará produzindo sozinha 2,3 milhões de barris de óleo por dia no país. O plano estratégico para os próximos cinco anos prevê investimentos de US$ 56,4 bilhões, sendo cerca de 60% em exploração e produção. De acordo com Gabrielli, as grandes empresas internacional de petróleo decidiram "já tardiamente" se empenhar em uma nova fase de investimentos pesados em exploração e produção com o objetivo de descobrir "novas fronteiras de desenvolvimento" da produção. Mas ele defende que, mesmo aumentando a produção, os países devem buscar sempre manter uma relação mais ou menos constante entre essa produção e a vida útil das suas reservas. No mesmo seminário, o especialista americano Michael Lynch, presidente da Strategic Energy and Economic Research (Seer), defendeu uma política agressiva de produção de petróleo. (CS)