Título: Presidente do BC italiano não perde a pose
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 13/09/2005, Finanças, p. C8

Antonio Fazio, há 12 anos presidente do Banco da Itália, o BC italiano, pode perder poder, mas não perde a pose. A imprensa italiana veio em peso à Basiléia tentar entrevistá-lo após a reunião do BIS. No domingo, uma TV italiana fixou sua câmera defronte do BIS ao meio-dia. Seis horas depois, Fazio apareceu fumando um enorme charuto e passou como grande chefão pelos jornalistas. A questão é quando ele parte, depois dos escândalos que afetam a credibilidade e reputação da autoridade monetária italiana, envolvendo as tentativas de aquisição de dois bancos italianos pelo ABM AMRO, da Holanda, e pelo BBV espanhol. Um grupo de 15 jornalistas italianos alugou um avião para vir à Basiléia e pressionou o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, a dizer, afinal, quando ele vai pedir a cabeça de Fazio - ainda mais que o primeiro-ministro Berlusconi já disse que só o BCE tem poder para intervir e retirar Fazio de um posto onde ele parece estar ancorado há mais de uma década. Na linguagem hermética de banqueiro central, Trichet deixou claro que não aposta em Fazio. "O BCE é inflexível sobre o mercado comum na área financeira, e deve haver regra do jogo justa para todos, sem proteção nacional", avisou. A margem de manobra da autoridade monetária italiana diminui cada vez mais: no fim de semana, ele não quis ir à reunião de ministros de finanças em Manchester, Inglaterra, porque teria de aparecer ao lado do ministro italiano da economia, Domenico Siniscalco, que já pediu para ele se demitir. Mas ontem, em Basiléia, Antonio Fazio saiu tranqüilo do BIS e voltou para o conforto de Roma. Junto com seu grande charuto. (AM)