Título: Aproximação com o PSDB dividiu petistas
Autor: Cristiano Romero
Fonte: Valor Econômico, 14/09/2005, Especial, p. A14

A disputa de poder entre Luiz Gushiken e José Dirceu começou muito antes da imbróglio empresarial dos fundos de pensão. Dirceu nunca aceitou o fato de o presidente Lula ter dado tanto poder a Gushiken, que, ao contrário do então ministro da Casa Civil, entrou para o governo sem mandato e afastado da direção do PT. Gushiken assumiu um cargo no primeiro escalão na cota pessoal do presidente. Assim como Dirceu, Gushiken integrou, nos primeiros dois anos e meio de governo, o núcleo decisório do poder. No primeiro ano do mandato de Lula, quando Dirceu foi o número 2 da República, a convivência entre os dois não sofreu grandes abalos, apesar das constantes disputas por prestígio junto a Lula. Dirceu e Gushiken romperam após a eclosão do caso Waldomiro Diniz. Enfraquecido, Dirceu acusou seu colega de atuar nos bastidores para derrubá-lo. O clima entre os dois azedou de vez depois que, por causa do escândalo, Gushiken defendeu uma aproximação do governo Lula com a oposição, principalmente, com o PSDB. Antes, havia defendido que ele deixasse a articulação política, como de fato aconteceu. Numa reunião de ministros e dirigentes petistas em sua casa, Dirceu disse que Lula não poderia buscar essa aproximação porque isso não estava no programa do PT. "Eu não vou deixar que isso aconteça", avisou Dirceu. "Então, você tem que pedir demissão", contra-atacou Gushiken, segundo participantes do encontro. (CR)