Título: Governo quer estimular produção de café no país
Autor: Patrick Cruz
Fonte: Valor Econômico, 14/09/2005, Agronegócios, p. B12

Política Agrícola

O Ministério da Agricultura quer começar a tratar com produtores uma "nova política de estímulo à produção de café", segundo o secretário de produção e agroenergia do Ministério, Linneu da Costa Lima. Com a tarefa, o país poderá garantir a fatia de 40% do mercado mundial do produto. "O Brasil já teve 80%, 60%, 50% e hoje tem 40% do setor. O desafio é manter essa participação", disse. Segundo as projeções, em dez anos o mundo vai consumir 146 milhões de sacas, número que é hoje de 119 milhões. Caso a estimativa se confirme, o Brasil precisará, para manter sua fatia, quase dobrar a produção, elevando-a das atuais 32 milhões de sacas para 60 milhões. O Brasil consome 15 milhões de sacas e exporta 26 milhões. A diferença entre a produção e o consumo total do café brasileiro é garantido pelos estoques. São duas as principais alternativas dessa "nova política", segundo análise prévia do Ministério. Uma delas é estimular o plantio em novas fronteiras - caso, por exemplo, da Bahia. A segunda é o aumento da produtividade por meio da renovação das lavouras. Lima disse haver preocupação com áreas produtoras no sul de Minas Gerais e no Espírito Santo. Muitos cafezais, afirmou, têm mais de 20 anos de vida e já passaram da terceira poda. Análise mais apurada sobre a produtividade será feita assim que saírem os dados do levantamento vegetativo que está sendo feito da primeira florada de café Conab. A intenção é aumentar de 15 para 20 sacas por hectare a produtividade média brasileira. As duas medidas, salientou o secretário, não serão imediatas, já que isso pressionaria os preços internacionais do café. O setor está saindo de uma crise que, em 2002, chegou a derrubar o preço para entre US$ 38 e US$ 40 por saca. Para 2005, a cotação está estimada entre US$ 110 e US$ 150. " Esse é um preço remunerador " , disse.