Título: Volatilidade das carteiras equivale à renda variável
Autor: Adriana Cotias
Fonte: Valor Econômico, 14/09/2005, EU &, p. D1

Os Fundos de Investimento no Exterior (Fiex) são carteiras que aplicam 80% do patrimônio em títulos da dívida externa brasileira de longo prazo, como os bônus globais 2025 e 2040 ou o C-Bond. Embora o portfólio seja constituído por papéis de renda fixa, tem volatilidade que se assemelha à renda variável. Isso porque o gestor usa o dinheiro do investidor para comprar dólares e só então adquirir papéis lançados pelo Tesouro no mercado internacional. A conseqüência é que as cotas, em moeda nacional, refletem tanto o impacto da variação dos títulos quanto do câmbio. Quando a cotação da divisa americana cai em relação ao real, melhora a percepção dos investidores sobre as condições de o país honrar seus compromissos externos. Nesse contexto, o comportamento mais previsível é a valorização dos papéis soberanos. Para este ano, o gestor de fundos da Unibanco Asset Management, Diego Pedote, avalia que o dólar manterá a sua trajetória de queda, mas não espera que os ganhos dos bônus brasileiros compensem tal movimento. O especialista sustenta que os Fiex são recomendáveis como carteiras de proteção no longo prazo. O ambiente ideal para este tipo de aplicação é uma taxa de câmbio sem grandes oscilações e uma perspectiva de melhora da taxa de risco-país, o prêmio pago acima dos títulos do Tesouro americano. Neste ano o dólar acumula queda superior a 12% em relação ao real. Em contrapartida, o Global 40, título da dívida brasileira de maior liquidez no mercado internacional, apresenta valorização pouco acima de 1%. Até 2003, o C-Bond era a principal referência da medida do risco brasileiro e concentrava a liquidez entre os papéis de países emergentes. Depois da moratória decretada pelo governo Sarney em 1987, a emissão do então chamado "Capitalization Bond" em 1994, marcou a volta do país ao mercado de capitais internacional. No âmbito do Plano Brady - o programa de reestruturação de dívida de países emergentes, idealizado pelo secretário do Tesouro americano Nicholas Brady - foram lançados outros títulos de renegociação (os "bradies"), que começaram a ser substituídos pelos bônus globais a partir de 1997. No ano passado, o Global 40 passou a concentrar a liquidez entre os bônus brasileiros. Da dívida velha, ainda há cerca de US$ 7,8 bilhões em circulação no mercado. (AC)