Título: Preço explica 30% do aumento da exportação
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2005, Brasil, p. A3

Nos últimos três anos, o aumento dos preços dos produtos embarcados pelo Brasil para o exterior respondeu por quase 30% do "boom" exportador do país. Em dólares, significa um ganho de US$ 15,8 bilhões para a balança comercial apenas por conta de reajustes de preços. Os cálculos são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Entre julho de 2002 e julho de 2005, as exportações brasileiras quase dobraram. Saltaram de US$ 55 bilhões no acumulado de 12 meses até julho de 2002 para US$ 109 bilhões na mesma comparação até julho de 2005. É um crescimento de US$ 54 bilhões - a quantidade embarcada aumentou 70,8%, os preços subiram 29,4%. "A contribuição dos preços é bem expressiva", avalia Fernando Ribeiro, da Funcex. Para o economista, a alta das cotações é resultado da aceleração da economia mundial, particularmente da China. O comércio global cresceu 20% em 2004 e deve repetir a performance em 2005, apesar das previsões pessimistas do início do ano. O apetite chinês inflacionou os preços de commodities como soja e minério de ferro e favoreceu o Brasil. O ganho gerado pelo aumento dos preços dos produtos básicos exportados chegou a US$ 6,7 bilhões em três anos - o maior entre as categorias de produtos. Também foi expressivo o crescimento da quantidade de commodities exportadas. O quantum respondeu por 57,8% do crescimento das exportações de básicos, os preços ficaram com 42,2%. No caso de semimanufaturados, a contribuição dos preços superou a do quantum. O ganho de preços respondeu por 52,7% do crescimento das exportações, já a quantidade embarcada contribuiu com 47,3%. A alta dos preços dos semimanufaturados representou ganho de US$ 3,9 bilhões para a balança. O destaque foram os produtos siderúrgicos, cujos preços subiram 113% em três anos. A alta dos preços de exportação é mais lenta nos produtos manufaturados. Mesmo assim, não deixa de chamar a atenção. O aumento dos preços respondeu por 14,2% do crescimento das exportações desses produtos e a quantidade embarcada por 85,5%. O ganho proporcionado pela alta das cotações dos manufaturados, categoria que responde por mais de 50% das exportações brasileiras, chegou a US$ 4,2 bilhões. Ribeiro lembra que, apesar do aumento expressivo, os preços das exportações brasileiras estão recuperando os patamares de 1997, antes da crise asiática. Com a desaceleração da economia mundial, os preços de exportação do país caíram 20% entre julho de 1998 e julho de 2002, ou 5,4% ao ano. Nesse período, as exportações brasileiras cresceram apenas 0,8% ao ano em valor, apesar da alta anual de 6,5% na quantidade embarcada. "O comportamento dos preços é cíclico. Mas uma nova queda só começará com uma desaceleração mais visível do comércio mundial", diz Ribeiro. A Funcex prevê estabilidade para os preços das exportações nos próximos meses. Esse indicador já subiu 10,4% até julho.