Título: O PIBB dá frutos
Autor: Felipe Frisch
Fonte: Valor Econômico, 01/11/2004, Eu & Investimentos, p. D-1

Os investidores que aplicaram na carteira de ações oferecida pelo BNDES em julho completaram, no último dia 26, três meses de bons resultados. Do lançamento até sexta-feira, os Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB), acumulam valorização de 17,53%, valendo R$ 30,90 a cota negociada na bolsa, frente os R$ 26,57 do lançamento. Apesar de o PIBB ser um fundo que acompanha o Índice Brasil 50 (IBrX-50), a variação é superior aos 16,25% do indicador no período - por causa do desconto de 1% na oferta - e bem acima dos 6,77% do Índice Bovespa. Parte do ganho do PIBB foi puxado pela valorização desde o lançamento do fundo de 29,06% e 27,71% das ações preferenciais (sem direito a voto) e ordinárias (com voto) da Petrobras, com peso de 12,74% e 9,61%, respectivamente, no IBrX-50. Outros papéis que turbinaram a rentabilidade foram Braskem PNA, com alta de 81,19% no mesmo período, Caemi PN, com 37,9%, Cemig PN, com 32,01%, Banco do Brasil ON, com alta de 27,21%, e Cesp PN, com valorização de 26,21%. Outras que influenciaram os rendimentos foram as preferenciais série A (PNA) e as ONs da Companhia Vale do Rio Doce, com pesos de 29,86% e 20,9% e variações de 25,9% e 22,29%, respectivamente. As preferenciais do Itaú, com variação de 26,02% desde o lançamento do PIBB, da AmBev, com alta de 16,45%, do Bradesco , que subiu 23,42%, além de Tele Norte Leste Participações e Embraer, estas com quedas de 3,47% e 8,2%, também contribuíram para o desempenho da aplicação. E, pelas projeções dos analistas, o investidor pode continuar tendo bons retornos com o PIBB. Na avaliação de Walter Mendes, superintendente de renda variável do banco Itaú, apesar da recente "histeria" com a possibilidade de menor crescimento na China, os setores de petróleo, mineração, siderurgia, metalurgia e papel e celulose, tendem a oferecer ganhos no médio prazo. Somados, estes setores têm mais da metade, 51,48%, do IBrX-50 e do PIBB. "Além disso, o setor elétrico também terá uma mudança importante, com o leilão de energia velha em dezembro". A Eletrobrás pode ser a principal beneficiada com as mudanças. Geradoras e distribuidoras têm peso de 5,463% no IBrX-50. Mendes destaca ainda setores voltados para o consumo interno, como o de varejo e o de alimentos. Muitos analistas avaliam que Petrobras continuará tendo bons resultados com o petróleo em alta mesmo sem reajustes da gasolina e do diesel. O gestor de fundos Gustavo Alcântara, do Banco Prosper, considera que a carteira de ações do PIBB tem se mostrado um bom investimento - especialmente para as pessoas físicas que puderam investir pouco e compraram uma correlação com o IBrX-50 e uma proteção em renda variável. Hoje, para compor a carteira do índice sem recorrer ao mercado fracionário, o investidor teria de gastar cerca de R$ 5 milhões. Já para comprar cotas do PIBB na bolsa, o investidor precisaria de R$ 3.090,00 ao preço de sexta, já que o lote padrão é de 100 papéis. Essa possibilidade só existe comprando as cotas de outro investidor. Mas Alcântara cita como fator negativo a baixa liquidez do PIBB em bolsa, com R$ 1,116 milhão em média de negócios por dia, excluindo a data de lançamento. O gestor do Prosper destaca ainda o desempenho das ações da Petrobras no período, mas lamenta o retorno de outras empresas produtoras de aço, minério, papel e celulose. São exemplos: CSN, cujas ações ordinárias tiveram valorização mais modesta, de 2,91%; Gerdau, com alta de 4,38% no período; e Usiminas, com 12,37%. Aracruz PNB acumula queda de 2,92%, ainda à frente de Votorantim Celulose e Papel PN, com desvalorização de 5,08% desde 26 de julho. A Vale foi punida ainda pelos boatos a respeito da compra da canadense Noranda por mais do que valia, mas é uma das apostas com a elevação do preço do minério. Um setor que tem dado força ao IBrX-50, diz ele, com o mercado de olho na elevação dos juros e nos resultados do crédito nas instituições. Itaú, Bradesco e Unibanco têm 13,3% de peso no índice. "A diversificação do índice é melhor do que a do Ibovespa, em que as teles têm peso maior", diz. No entanto, Petrobras tem peso de 22,36% e ele considera uma empresa atípica em relação aos demais setores, por causa de sua relação com o petróleo. Outra dificuldade é a resistência dos investidores individuais à diversificação. "As pessoas preferem comprar tudo em uma ação só, como Petrobras." Um dado a que os investidores podem começar a prestar atenção é a distribuição de dividendos. Como se trata de uma carteira de ações, os investidores receberão os proventos em valorização da cota, convertida em novas ações, na mesma proporção do IBrX-50, explica Walter Mendes, do Banco Itaú, instituição responsável pelo fundo PIBB maior (FIF), que distribui cotas aos demais fundos de varejo e na bolsa. Levantamento feito pela consultoria Economática a pedido do Valor mostra que nos últimos 12 meses as ações que compõem o IBrX-50 acumularam um "dividend yield" - retorno percentual do dividendo sobre o valor da ação - de 5,23%, até o dia 27. É mais do que os 4,89% do Ibovespa e os 5,10% do IBrX-100. Neste período, as campeãs em "dividend yield" foram Telesp Operacional PN, com 19,32%, Telemar Norte Leste, de 12,4%, Sabesp ON, com 11,41%, Petrobras PN e ON, com retorno de 8,67% e 8,03%, respectivamente. As ações da Companhia Siderúrgica de Tubarão ofereceram "dividend yield" de 8,48%, Embratel Participações PN, de 7,86%, Souza Cruz ON, 7,77% e Suzano Bahia Sul PN, com 7,01%. Mendes, do Itaú, calcula que cerca de 1,8% do patrimônio seja de dividendos. O executivo calcula um potencial de ganho entre 35% e 40% com dividendos na carteira do IBrX-50.