Título: Petrobras e Unipar serão sócias em SP
Autor: Chico Santos e André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2005, Empresas &, p. B1

Petroquímica Estatal fica com 40% da Polietilenos União, instalada na PQU

Em mais um movimento destinado a consolidar sua volta ao setor petroquímico, a Petrobras vai se associar ao grupo Unipar no controle da Polietilenos União, fabricante de resina para a produção de plásticos que está para ser ampliada. O presidente da Petroquisa (braço petroquímico da Petrobras), Kuniyuki Terabe, disse que a associação "está incluída na estratégia" da estatal e que a parceria será nos mesmos moldes que a recém-anunciada associação com a Braskem (grupo Odebrecht) para uma unidade de polipropileno em Paulínia (SP). Isso significa que a Petrobras ficará com 40% e a Unipar, hoje dona de 100% da empresa, com 60%. O valor da operação ainda não está definido. No programa de privatização dos anos 90 a Petrobras praticamente deixou a petroquímica, ficando com participações minoritárias nas centrais de matérias-primas (Copene, Copesul e Petroquímica União, a PQU) e presença em poucas empresas da segunda geração (que elaboram as matérias-primas das centrais) cujas participações não puderam ser vendidas. A estatal decidiu retornar ao setor para o qual ela é a única fornecedora nacional de insumos básicos, seja nafta ou gás. A Petrobras tende a exercer sua opção de passar a deter 30% da Braskem, maior empresa privada do setor no país. Ela tem até o dia 29 deste mês para tomar a decisão. Para a Unipar, hegemônica no controle da PQU, com 37,2% do capital, a associação com a Petrobras significa um movimento na direção de fortalecer suas trincheiras na disputa com o grupo Suzano, rival e sócio na Rio Polímeros (33,3% cada) pelo controle da petroquímica no Sudeste. A Unipar pretende integrar a PQU com a Polietilenos União, criando uma companhia operacional nos mesmos moldes do que o grupo Suzano está buscando fazer com seus ativos. Alguns analistas avaliam que a associação Petrobras-Braskem poderá levar a outras alianças no setor. Terabe disse que as negociações para a parceria na Polietilenos União deverão ser concluídas este ano, esperando apenas o fechamento definitivo do contrato pelo qual a Petrobras fornecerá gás de refinaria para a expansão da PQU, cuja capacidade de produção de eteno deverá passar das atuais 500 mil toneladas/ano para 700 mil toneladas/ano. A Petrobras é a segunda maior acionista individual da PQU, privatizada em 1994, com 17,4% do capital, mas não participa do grupo controlador. "Já consideramos que o gás é uma realidade", disse Terabe, acrescentando que o projeto para a Polietilenos União está em fase adiantada de negociações com a Unipar. O projeto de expansão da PQU é essencial para viabilizar a ampliação da própria Polietilenos União, aumentando sua capacidade de produção de resinas termoplásticas de 120 mil para 320 mil toneladas anuais. Esse projeto está orçado em US$ 160 milhões e pelo esquema societário previsto pelo presidente da Petroquisa, a Petrobras deverá entrar com US$ 64 milhões, cabendo os outros US$ 96 milhões ao grupo Unipar. Além da provável consolidação da parceria com a Braskem, a Petrobras tem vários outros movimentos a serem feitos no seu processo de retorno a uma posição de comando na petroquímica. Ainda para este mês está prevista a divulgação do local do Estado do Rio de Janeiro onde será construída uma nova central petroquímica à base de petróleo pesado, uma parceria, por enquanto, com o grupo Ultra e com o também estatal Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um megainvestimento de US$ 3 bilhões. A petrolífera já anunciou que pretende adquirir a posição do BNDES na Rio Polímeros (os mesmos 16,7% que ela já tem), passando a ficar com um terço da empresa, o mesmo que cada um dos sócios privados. A Unipar não se pronunciou sobre o assunto.