Título: Plano deverá propor demissões, corte de custos e mudanças em rotas
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 12/09/2005, Empresas &, p. B2

O plano de recuperação da Varig que será apresentado hoje terá quase cem propostas para redução de custos, incluindo a redução do número de funcionários, seja por demissão incentivada ou aposentadorias antecipadas. Porém, não vai propor nenhum "banho de sangue", como informou ao Valor uma fonte que teve acesso às bases do documento. Ele trará medidas de economia em todas as áreas operacionais e também cerca de trinta propostas de aumento de receita. E prevê a entrada de novos acionistas que possam capitalizar a empresa, alterando a estrutura societária atual, onde a Varig é controlada pela Fundação Ruben Berta Participações (FRB-Par). Dessa forma, a empresa aposta que ganhará fôlego para pagar sua dívida não-tributária, de cerca de R$ 4 bilhões. A aplicação do plano, elaborado pelos atuais gestores da companhia, está prevista para levar cerca de dois anos. Entre as definições está uma nova programação de rotas e destinos prioritários, que permitirá prever receitas, margens e outros resultados. A legislação determina que um comitê de credores da Varig seja criado em assembléia marcada pelo administrador judicial da companhia, João Cysneiros Vianna, para o dia 24 de setembro. A reunião provavelmente será na Marina da Glória. São esperados até 3,5 mil pessoas, para uma eleição onde serão escolhidos os integrantes do comitê de credores. Cada uma das três classes de credores - classe trabalhista, credores privilegiados e quirografários - terá o direito de eleger um representante e dois suplentes. Caberá a esse comitê aprovar a proposta de venda da VarigLog para o fundo americano MatlinPatterson Global Advisers, o único até agora disposto a injetar dinheiro na companhia. O Matlin já manifestou intenção de investir inclusive na reestruturação da Varig após a aquisição da subsidiária de logística. Um dos sócios da Matlin mais animados com o projeto é o chinês Lap Chan, que morou no Brasil e fala português fluentemente. Chan era administrador de recursos do Credit Suisse First Boston, junto com David Matlin e Mark Patterson. A parte jurídica da recuperação da Varig foi desenhada pelos escritórios de Sérgio Bermudes, Ulhôa Canto e Bulhões Pedreira. Já o banco suíço UBS desenhou a engenharia financeira, enquanto a Lufthansa Consulting deu assessoria técnica e operacional.