Título: Associação global de bancos pede que G-7 inclua o Brasil
Autor: Tatiana Bautzer De Nova York
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2005, Brasil, p. A13

Rumo ao G-11 IIF quer emergentes em coordenação econômica mundial

A associação dos maiores bancos e instituições financeiras do mundo pediu ontem em carta aberta que o Grupo dos 7 (G-7) passe a incluir Brasil, Rússia, China e Índia. O Institute of International Finance (IIF) vê necessidade de ampliação do grupo para que seja feita uma coordenação maior contra os riscos a que está submetida a economia global. Ele pediu que os governantes do G-7 trabalhem para minorar os desequilíbrios mundiais. O G-7, que reúne os países mais ricos do mundo, discute ações conjuntas de bancos centrais nos mercados e tenta estabelecer políticas comuns para enfrentar crises. Em sua carta aberta, os bancos que fazem parte do IIF afirmam que o mundo está num "momento de incerteza sobre a perspectiva econômica" com a alta dos preços de petróleo e desequilíbrios globais. Para o IIF, a alta do petróleo foi agravada pelo impacto do furacão Katrina nos EUA, que teria servido para lembrar o quanto a economia do mundo está suscetível a choques como o da catástrofe natural. O instituto faz o pedido de acerto global 20 anos depois de as maiores economias mundiais terem concordado em coordenar suas intervenções para reduzir o valor do dólar. Naquela época, essa coordenação ficou conhecida como o Acordo do Plaza. O IIF defende uma coordenação da mesma magnitude hoje, só que para reequilibrar a economia mundial. "Os desafios atuais pedem a consideração de uma nova estratégia de elaboração de políticas que facilite um ajuste gradual e evite mudanças abruptas na atividade econômica e nos preços dos ativos." O IIF sugere, além da expansão do G-7 para G-11, que o FMI assuma um papel mais central nas discussões. "A seriedade cada vez maior da situação de energia coloca riscos à sustentabilidade do crescimento", afirmam os bancos. O IIF alerta para o fato de que juros baixos nos países desenvolvidos estimularam nos últimos anos a tomada de risco, e que uma ação conjunta ampliada poderia evitar ajustes traumáticos dos mercados. Os bancos acham que o novo grupo, que inclua China, Índia, Rússia e Brasil, poderia discutir medidas para incentivar maiores taxas de poupança e reduzir déficit público nos Estados Unidos, além de propor reformas trabalhistas na Europa e no Japão e debater a política cambial adotada pela China. "[O G-11] poderia dar impulso às necessárias reformas econômicas, algumas das quais já foram propostas mas ainda não foram totalmente implementadas por falta de um entendimento para que todas as partes adotem ações políticas", disse Charles Dallara, diretor-gerente do IIF. Esse fórum ampliado poderia ainda ajudar na tentativa de desbloquear negociações comerciais na Rodada Doha.