Título: Discurso pede transparência ao Conselho de Segurança
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2005, Brasil, p. A3
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, numa rara reunião de chefes de Estado no Conselho de Segurança da ONU, que "não é admissível que o Conselho continue a operar com um claro déficit de transparência e representatividade". Boa parte de seu discurso foi dedicado ao assunto, após o fracasso da proposta de inclusão, a curto prazo, de Brasil, Alemanha, Japão e Índia como membros permanentes do Conselho. A declaração de chefes de Estado menciona apenas a necessidade de avaliar o assunto no próximo ano. O presidente vinculou a mudança no Conselho ao projeto de reforma das Nações Unidas, defendido arduamente pelos EUA. "O projeto de reforma da ONU é indissociável da atualização do Conselho de Segurança", afirmou. A China é radicalmente contrária à entrada do Japão, único candidato apoiado abertamente pelos Estados Unidos. O Japão está ameaçando reduzir o total de contribuições que faz ao financiamento da ONU como forma de pressão para se transformar em membro do Conselho de Segurança. Para ganhar o apoio de países africanos para o pleito do Grupo dos Quatro, Lula disse que o Conselho deveria tratar mais de assuntos relacionados ao continente. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que o fato de Lula afirmar que a permanência do Conselho como está é inadmissível revela "combatividade". O novo argumento do Brasil é que a mudança atende aos interesses do próprio Conselho de Segurança e não apenas dos países que querem fazer parte do organismo. No discurso à Assembléia Geral, o presidente brasileiro ainda ressaltou a necessidade de combater a fome no mundo, dizendo que ela é "a mais devastadora arma de destruição em massa". (TB)