Título: Senador diz que Kroll tem provas contra PT
Autor: Mauro Zanatta
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2005, Política, p. A7

O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) acusou o ex-ministro Luiz Gushiken de colocar seu "ódio pessoal" contra o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, para impedir acordos entre o grupo e o governo. "Todo mundo tem direito de ter seus ódios pessoais, mas não de colocá-los a serviço do Estado", afirmou o senador. Apontado como um dos integrantes da "bancada de Daniel Dantas", Heráclito disse que não foi apenas o Opportunity que contratou a empresa Kroll para fazer investigações - em julho do ano passado, a Polícia Federal descobriu que a Kroll havia espionado Gushiken e o ex-presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, a mando da Brasil Telecom (BrT), controlada por Dantas. O PT, sustentou o senador piauiense, quis contratar a Kroll para ajudar nas investigações das CPIs do Orçamento e do Banestado. "Agora, eles satanizam a Kroll, que não grampeou telefones, fez apenas o rastreamento de contas." Heráclito insinuou que a Kroll teria encontrado, em suas investigações, "provas" contra o próprio PT. "Isso vai aparecer", disse ele. O senador disse ainda que cartas da Kroll provam que a investigação foi pedida também pelo Citigroup, que até pouco tempo atrás era aliado de Dantas na briga com os fundos de pensão. "Não foi só o Opportunity. O Citigroup contratou a Kroll por causa de problemas na compra da CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicação)", disse Heráclito, referindo-se à polêmica compra da CRT pela BrT. No depoimento à CPI dos Correios, Gushiken afirmou que não persegue Dantas. "Não tenho preconceito contra o Citibank nem contra Dantas", disse ele, mostrando matérias publicadas na imprensa contra Daniel Dantas. "Não faço juízo de valor sobre Dantas nem quero saber detalhes dos processos, mas pode haver um prejuízo monumental aos funcionários do Banco do Brasil." Gushiken acusou Heráclito Fortes de interferir na disputa entre os fundos de pensão e o Opportunity pelo controle da BrT. "O senhor acompanhou o advogado de Dantas nas negociações com a Previ", disse o ex-ministro. O senador rebateu afirmando que participou de uma reunião a pedido do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "Os fundos estavam preocupados com a quebra de seus sigilos pelas CPIs. Fui ao Banco do Brasil a pedido de Palocci." No encontro, estavam o presidente da Previ, Sérgio Rosa, e o presidente do Conselho de Administração da BrT, Luiz Otávio da Motta Veiga. (MZ)