Título: Alho sem cheiro chega ao mercado
Autor: Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2005, Agronegócios, p. B14

Aos 59 anos, Edison de Cezar Philippi, médico cardiologista, comemora uma descoberta que poderá deixá-lo milionário. Pelo menos, ele diz acreditar que sim. Philippi criou um sistema de desodorização física do alho, que não dá mau hálito para quem o consome e nem deixa cheiro nas mãos de quem o manuseia. A marca Alho Free, alusão ao alho sem cheiro, chega aos supermercados Carrefour, em São Paulo, até o fim do mês, e já há negociações com a rede Pão de Açúcar. Natural de Curitibanos, um dos maiores pólos produtores de alho do país, Philippi levou 12 anos para chegar ao processo que mantém as características gastronômicas do alho, mas elimina o odor na boca ou nas mãos após contato com qualquer líquido. Ele construiu um galpão industrial em Curitibanos, onde em um túnel de desodorização já tem capacidade de fazer a operação em grande escala, para até 200 toneladas por mês. Philippi começou a pesquisa com alho por curiosidade. "As pessoas que comem alho gostam muito, porém gostariam que não houvesse hálito posteriormente. Isso prejudica em reuniões em geral e também no amor", diz. Ele, que já tem outros inventos - um sistema de aquecimento de água com redução de gastos de energia e um pão com propriedades "protetoras" para o coração - pode prosperar através do alho. Já fechou uma parceria com a Cooperalho, cooperativa de Curitibanos, onde conseguiu contato para vendas do Alho Free no Carrefour, e com um empresário português, José Alberto Fonseca, com quem criou uma empresa em Balneário Camboriú, a Alho Europa. Com Fonseca, ele quer abrir uma companhia na Europa, para distribuição do produto especialmente na Espanha, um dos maiores consumidores de alho do mundo. cerca de 3,5 kg/habitante/ano. A base da invenção de Philippi é o envelhecimento rápido do alho. Ele destaca que não existe contato manual com o produto. "Recebo os sacos de alho da cooperativa e eles são empilhados no túnel de desodorização, onde recebem o tratamento." O processo teve sua patente requerida no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) há cerca de oito anos. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Furb, universidade de Blumenau, foi responsável pelos testes do novo alho. Ficou demonstrado no alho em grânulos, que eles não produzem mau hálito após ingestão, e que também não há modificações microscópicas ou estruturais verificáveis. Segundo Philippi, trabalhos com o alho in natura serão finalizados em alguns dias pela universidade. O processo de desodorização do produto não precisa de registro do Ministério da Saúde, explica Philippi, por não gerar alterações químicas no alho, nem no Ministério da Agricultura, que controla plantio e sementes, que não são também modificadas nesse caso. Segundo o presidente da Cooperalho, Miguel Ferreira, a cooperativa aposta no novo produto. Ele diz que não houve investimentos para se trabalhar com o Alho Free porque não há mudança na produção e há poucas alterações em embalagens. O novo produto será 50% mais caro que o alho normal. A meta da cooperativa é no médio prazo vender 300 toneladas. Neste primeiro momento, contudo, serão cerca de 50 toneladas.