Título: Bradesco anuncia a queda de taxas
Autor: Mônica Izaguirre
Fonte: Valor Econômico, 15/09/2005, Finanças, p. C1

O Bradesco aproveitou a notícia da redução da taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual para anunciar uma revisão para baixo dos juros cobrados em todas as suas linhas de crédito. Foi o único entre os grandes bancos a tomar a iniciativa, porém as instituições financeiras em geral já vinham baixando as taxas para as pessoas físicas, conforme revelou uma pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) divulgada na terça-feira. O Bradesco soltou um comunicado em que Márcio Cypriano, presidente do Bradesco e da Federação dos Bancos (Febraban), elogiava a decisão do BC. "A política monetária cumpriu com sucesso o desafio anterior de enquadrar a inflação à meta", afirmou. Para Cypriano, "com a redução, o Copom reforça uma expectativa positiva em relação ao desafio do crescimento sustentável da economia, com reflexos nos indicadores já nesse final de ano". O banco promoveu uma redução modesta, mas atingiu todas as linhas de crédito, para pessoas físicas e jurídicas. Para o economista chefe do Banco ABN AMRO, Hugo Penteado, a redução da Selic valeu mais como um sinal positivo para a economia do que uma influência importante para o custo do dinheiro a curto prazo. Penteado esperava uma queda de meio ponto, o que levaria a projeção de juros para 17,75% até o final de 2005. "Existe a possibilidade da economia retomar o crescimento sem pressões inflacionárias", justificou o economista. Agora ele prevê que a Selic vai chegar ao fim do ano em 18% mas ainda tem expectativa de que o Copom aumente a velocidade de redução nos próximos três meses. "Não há dúvida que vai cair, a dúvida é qual a velocidade", disse. Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora de Valores também é de opinião que o Copom vai passar a reduzir meio ponto a partir das próximas reuniões. Em nota distribuída à imprensa, Teles opina que o Comitê resolveu iniciar o ciclo de corte da Selic "a partir da constatação de que o processo de convergência da inflação para a trajetória de metas já se encontra consolidado, com a configuração de um cenário benigno para a inflação, tanto em termos correntes quanto prospectivos". Para o economista da Concórdia, a opção por um percentual menor de queda se explica pela necessidade de "tornar a inflexão da postura de política monetária a mais suave possível e evitar surpresas em seu primeiro movimento". A decisão do Copom não foi motivo de comemoração das entidades ligadas às empresas e ao comércio que mantiveram as críticas à demora do Comitê em responder à queda persistente dos índices de inflação. Para a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), as condições para a redução da Selic já existiam no segundo trimestre deste ano e reiterou que "os efeitos da política monetária são defasados e, agora, vêem-se números de inflação em queda, atividade industrial desacelerando e emprego e salários comprimidos". Para Boris Tabacof, diretor do departamento de economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), a queda da Selic chegou com "largo atraso e insuficiente para o que se deseja em termos de expansão", mas ele acredita que representou o início de um ciclo de reduções sucessivas.