Título: Importações de 5,8 bilhões em outubro são recorde e sobem 33% sobre 2003
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 04/11/2004, Brasil, p. A-3
Os resultados do comércio exterior na última semana de outubro confirmaram que nunca os brasileiros compraram tanto do exterior: as importações, no mês passado, chegaram a US$ 5,84 bilhões, uma média de US$ 291,8 milhões por dia útil, mais de 33% acima do valor importado no mesmo mês do ano passado. As exportações continuam crescendo também vigorosamente: subiram 34,4% em relação a outubro de 2003, e ficaram pouco acima de US$ 8,84 bilhões. O saldo mensal da balança comercial, embora mantenha a tendência de queda verificada desde julho, ficou, pelo sexto mês seguido, acima do patamar de US$ 3 bilhões - mais exatamente em US$ 3,007 bilhões.
Os resultados de outubro levam analistas a prever que, neste ano, o saldo comercial do país deve ficar acima dos US$ 32 bilhões previstos pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), apesar de constatar uma tendência lenta de declínio nos resultados do comércio exterior, prevê a continuidade no aumento das exportações e um saldo de US$ 32,4 bilhões neste ano (se fossem mantidos os atuais níveis de exportações e importações, o saldo poderia chegar a US$ 34,5 bilhões, nota o instituto). O saldo acumulado até outubro já é de US$ 28,1 bilhões. A China, mercado que chamou atenção dos exportadores brasileiros no início do ano, agora mostra tendência de aumento do saldo em relação ao Brasil: houve queda nas vendas de produtos mais fortemente importados pelos chineses, como minério de ferro (menos 4,7%), soja em grão (menos 43,1%) e celulose (menos 2,6%); enquanto as compras de produtos chineses aumentaram 71,9% de janeiro a outubro, para quase US$ 3 bilhões - principalmente componentes eletrônicos, máquinas e equipamentos e produtos químicos. O maior destaque nas vendas externas foi dos produtos manufaturados, como automóveis, aviões, motores de automóveis, autopeças, celulares e calçados. Uma exceção foi a venda de aço laminado plano, que caiu 22,2%, devido à competição do mercado interno. O valor das vendas de manufaturados em outubro ao exterior foi recorde: pouco menos de US$ 5,3 bilhões. Esse valor foi inflado, porém, pela operação de venda de um navio-plataforma para a Petrobras, de US$ 655 milhões, que, pelas regras de incentivo à indústria naval, é contabilizado como exportação, com direito a vantagens fiscais. Sem essa venda (chamada pelos técnicos "exportação ficta", de fictícia), o recorde ainda está com as exportações de setembro, US$ 4,8 bilhões. O maior crescimento nas exportações foi para os países da América Latina, excluído o Mercosul (57,8%, principalmente para o México, graças ao acordo automotivo com aquele país), para o Mercosul (47,5%, a maior parte para a Argentina) e Estados Unidos (46,6%). Os Estados Unidos foram o maior mercado comprador para os principais manufaturados de exportação, seguido pelo México ou pela Argentina, conforme o produto. As importações que menos cresceram foram as de máquinas e equipamentos para a indústria (bens de capital), apenas 3,5%. Em uma indicação da forte retomada do mercado interno, as compras externas de matérias-primas e intermediários aumentaram 37%, enquanto as de bens de consumo cresceram 19,7%, sempre em comparação com o mesmo mês do ano passado.