Título: Emprego sobe 0,21% na indústria paulista
Autor: Bianca Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 16/09/2005, Brasil, p. A3

A geração de emprego na indústria paulista teve em agosto o pior desempenho de 2005, com crescimento de 0,21%, com ajuste sazonal, e criação de 3.150 vagas. Os números divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) anulam a expectativa de melhora criada em julho, quando o setor registrou a maior variação do nível de emprego do ano, com alta de 0,81% (sem ajuste ) e geração de 16.871 vagas. De janeiro a agosto, o nível de emprego aumentou 3,69% (sem ajuste sazonal). Foram abertas 75.955 vagas. Nos últimos 12 meses, a alta foi de 3,93% (mais 80.702 vagas). Paulo Francini, diretor do departamento de estudos econômicos da entidade, afirma que os resultados obtidos até julho levantaram a possibilidade de o setor industrial estabelecer uma curva de crescimento sustentado de produção e emprego nos meses seguintes. Com a pequena variação deste mês, o economista conclui que tudo não passou de uma "vã esperança". "Estamos assistindo a mais uma dança em torno do zero do que um passo para o crescimento". O setor de alimentos e bebidas, que tem o maior peso na média ponderada da pesquisa, registrou percentuais menores em agosto. Em julho, a indústria paulista de alimentos teve aumento de 2,2% na criação de empregos e a de bebidas, 4,55%. Em agosto, a variação foi de 1,68% e 1,04%, respectivamente. Francini admite que, pela série histórica, os meses de agosto costumam apresentar variações mais fracas no crescimento do emprego industrial. Pondera, no entanto, que os resultados registrados agora ficaram abaixo do seria esperado para o mês, situando-se perto da estabilidade. No mês passado, 20 sindicatos reportaram desempenho negativo na criação de vagas. Em julho, foram 17. Já o número de setores que registraram aumento de postos de trabalho passou de 24, em julho, para 17, em agosto. Para o diretor da Fiesp, as altas taxas de juros praticadas no país estão na base desse crescimento fraco. Segundo ele, uma taxa de juro real de 14% ao ano impede que o setor produtivo conquiste um crescimento mais substancial em atividade e em emprego. O corte de 0,25 ponto percentual da Selic, para 19,50%, anunciado quarta-feira, foi considerado "simbólico" pela Fiesp, sem valor efetivo para impulsionar a economia. Apesar de tímida, Francini acredita que a redução pode sinalizar uma "mudança de atitude" por parte do BC e o início do processo de declínio do juro básico. Mesmo diante da mudança de perspectiva, a avaliação é que os consumidores não devem tomar decisões de compra e a economia continuará "morna" nos próximos meses, assim como a taxa de emprego.