Título: Comissão amplia investigação sobre fundos
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Fonte: Valor Econômico, 16/09/2005, Política, p. A10
Numa sessão tumultuada por acirrada discussão entre governistas e oposicionistas, a CPI Mista dos Correios aprovou ontem a ampliação das informações sobre operações com debêntures e aplicações financeiras em recebíveis de oito fundos de pensão de estatais. A comissão investiga possíveis prejuízos gerados de forma intencional nessas modalidades de investimento para alimentar caixa 2 do PT e de partidos aliados do governo. Estão incluídos na lista os fundos Previ, Eletros, Funcef, Real Grandeza, Postalis, Portus, Centrus e Geap. As entidades já tiveram seus sigilos quebrados pela CPI Mista do Mensalão. O tumulto ocorreu nas discussões sobre a convocação do irmão do ministro Antonio Palocci (Fazenda), Adhemar Palocci, apontado por uma corretora de seguros como arrecadador de recursos para a campanha de candidatos do PT, inclusive do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em troca de informações privilegiadas do governo. A oposição insistia em convocar Palocci, que é diretor da Eletronorte desde 2004. Os governistas barraram a tentativa, mas deixaram que fossem convocados o presidente da corretora Interbrazil, André Marques da Silva, e o presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Renê Garcia Jr. Por causa disso, os parlamentares não conseguiram quebrar o sigilo bancário de oito distribuidoras e corretoras de câmbio, títulos e valores mobiliários apontadas como causadoras dos prejuízos intencionais aos fundos de pensão. A CPI quer investigar as corretoras Elite, Sociedade Corretora Paulista (Socopa), Agenda, Millenium, Clicktrade, Dillon, Quantia e Nominal. Também incluída na lista, a Bonus Banval já teve seus sigilos quebrados por ter distribuído recursos a pedido da empresa Natimar Negócios e Intermediações, que aplicou em dólar e ouro recursos da 2S Participações de Marcos Valério de Souza, acusado de operar o pagamento do mensalão no Congresso. O dono da Natimar, Carlos Alberto Quaglia, deve depor na CPI. A CPI também aprovou requisição de informações à CVM e à BM&F sobre processos e apurações de denúncias contra fundos de pensão entre 2003 e 2005. Os parlamentares ainda pediram a quebra de sigilo de 17 pessoas identificadas como "laranjas" do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Eles sacaram recursos das contas de Valério e os teriam repassado a beneficiários apontados por Delúbio. Em votação unânime, a CPI pediu ao INSS informações detalhadas sobre o processo de credenciamento do banco BMG para operar com crédito consignado de aposentados e a atuação do ex-ministro da Casa Civil, deputado José Dirceu (PT-SP), na concretização da autorização. (MZ)