Título: Tucanos e petistas montam equipe de transição em SP
Autor: Taciana Collet
Fonte: Valor Econômico, 04/11/2004, Política, p. A-5

A prefeita Marta Suplicy voltou ao trabalho ontem e apenas despachou internamente. Uma das suas primeiras medidas foi a nomeação de cinco secretários municipais para fazer parte da equipe de transição para o prefeito eleito José Serra, além de retornar aos cargos secretários que haviam se desincompatibilizado. A coordenação da equipe de transição ficará a cargo de Rui Falcão, que foi candidato a vice de Marta. Falcão voltou ontem à Secretaria de Governo, bem como Jilmar Tatto, deixou a pasta e retornou à de Transportes. Participam do lado da atual administração ainda, os secretários Carlos Zarattini (Subprefeituras), Valdemir Garreta (Abastecimento) e Luís Carlos Fernandes Afonso (Finanças). Falcão deve procurar a equipe de Serra para dar início a transição, de acordo com a prefeitura. Do lado tucano, o mais cotado para coordenar a equipe de transição é o ex-ministro da Casa Civil do governo FHC Clóvis Carvalho. O secretário da Casa Civil do governo Alckmin, Arnaldo Madeira, disse que a equipe de transição de Serra deve ser nomeada até a semana que vem: "Quanto mais informação houver antes de assumir, melhor para as primeiras decisões do eleito". Diante da declaração de Serra anteontem preocupado com o déficit corrente, a prefeitura divulgou uma nota oficial dizendo que cumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e que fechou todos os períodos deste ano com as "contas equilibradas, conforme os relatórios de gestão fiscal publicados no Diário Oficial do Município". No tucanato há preocupação também com os restos a pagar. De acordo com o gabinete de Ricardo Montoro, faltam quitar até o fim do ano três folhas de pagamentos, duas parcelas de 13% da dívida e R$ 480 milhões entre o total das despesas já assumidas e a receita. De acordo com a nota da prefeitura, "todos os compromissos assumidos pela administração municipal estão e continuarão sendo honrados, seja com o funcionalismo, seja com os programas sociais, seja com os fornecedores". A nota afirma ainda que "os pagamentos cumprem uma programação financeira". A assessoria do candidato a presidente da Câmara dos Vereadores, Ricardo Montoro, analisou a nota e disse que estão certos os dados de que o segundo quadrimestre foi fechado com um superávit de R$ 458,142 milhões (diferença entre receita arrecadada e despesa realizada) e que também se conseguiu reduzir em mais de 11 pontos percentuais a relação entre dívida consolidada líquida (DCL) e receita corrente líquida (RCL), fechando o segundo quadrimestre em 233,49%. Mas para Bruno Caetano, assessor de Montoro, a prefeitura utilizou as despesas liqüidadas e não-empenhadas. "Por esse critério teve superávit com a execução. Temos que olhar para os empenhos, despesas sinalizadas e que vão ser canceladas." Houve ainda na Câmara de Vereadores, uma reunião com a bancada eleita do PSDB, com exceção de José Aníbal. Montoro e Aníbal disputam dentro do PSDB a Presidência da Casa. Os vereadores se mostraram preocupados com o clima de animosidade e querem que o PT faça uma interferência por cima para que seja aprovado o orçamento que Marta enviou com 15% de remanejamento e não apenas 1%. O senador Eduardo Suplicy, na "CBN", responsabilizou a campanha de Marta pelos erros e não como afirmou Garreta, em entrevista, ao seu papel de tentar ser uma vítima da ex-mulher (Colaboraram César Felício e Cristiane Agostine)