Título: Operadoras apostam em pacotes com tarifa única
Autor: Heloisa Magalhães e Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 16/09/2005, Empresas &, p. B3

Telefonia Planos incluem serviços de voz e acesso ilimitado à internet

As operadoras brasileiras entraram na era dos pacotes de serviços de telecomunicações, modalidade bem-sucedida nos mercados americano e europeu. O cliente paga uma tarifa única para telefonia fixa, banda larga e, em alguns casos, celular. Os planos multisserviços constituem a primeira etapa daquilo que as empresas têm apontado como o futuro do setor: um modelo no qual os clientes pagarão um preço fixo pelo acesso a diversas tecnologias de comunicação e entretenimento, inclusive TV. A Telemar, que atua em 16 Estados do Sudeste, Nordeste e Norte, é a mais nova adepta dessa estratégia, mas pretende ir com calma. A operadora quer "empacotar" 60 mil clientes em dois anos. Luiz Eduardo Falco, presidente da Oi - braço de telefonia móvel do grupo -, diz que a proposta não é massificar a oferta. "A idéia é criar cultura, ensinar as pessoas a comprar telecomunicações", explica. A campanha da Telemar começou a ser veiculada na TV no Dia dos Pais. Falco não revela quantos acessos foram vendidos até agora e diz apenas que "os sinais que vêm do mercado são bons". Um dos planos oferecidos pela operadora inclui chamadas locais ilimitadas de fixo para fixo, internet discada ilimitada e cem minutos mensais de ligações do celular Oi ou do fixo para telefones móveis e longa distância. Outros pacotes prevêem, além das chamadas de fixo para fixo, internet em banda larga e uma franquia de minutos para ser usada em ligações para celulares e interurbanos. A conta pode ser única ou emitida de forma separada. Concessionária paulista, a Telefônica deverá lançar até o fim deste ano uma série de pacotes com tarifa plana que darão direito a minutos de ligações no telefone fixo (chamadas locais, de longa distância e para celulares). O projeto mais ambicioso, porém, chegará ao mercado em 2006, quando a operadora passará a oferecer planos em conjunto com a Vivo, empresa de telefonia móvel controlada pela Telefónica Móviles e pela Portugal Telecom. "Para nós, está claríssimo que vamos cada vez mais integrar os vários serviços de telecomunicações em uma única fatura", afirma o vice-presidente de negócios residenciais da Telefônica, Odmar Almeida Filho. Há poucos meses, a empresa deu os primeiros passos nesse terreno ao criar pacotes com acesso ilimitado à internet e uma promoção que "empacota" o aparelho e serviços digitais (como identificador e atendimento simultâneo de chamadas). A Brasil Telecom (BrT) - concessionária que atende o Sul, Centro-Oeste e parte do Norte - também partiu para soluções do gênero. Ricardo Sacramento, presidente da BrT GSM (divisão de celular), afirma que a operadora tem planos que englobam telefonia fixa e móvel e garantem benefícios na aquisição do acesso em banda larga. De acordo com Sacramento, uma das iniciativas da Brasil Telecom foi seguida pela Telemar. "É aquele em que os créditos do celular pré-pago podem ser usados no telefone fixo ou nos orelhões. Lançamos um cartão único para qualquer plataforma", afirma. Empresa-espelho da Brasil Telecom, a GVT vê os planos de tarifa única como arma para conquistar assinantes que hoje estão na base da concorrente. Os pacotes combinam telefonia, com franquia de ligações para celulares e interurbanos, acesso à internet e, em alguns casos, serviços de voz sobre protocolo de internet. O projeto foi lançado em maio e, desde então, representa de 22% a 25% das vendas mensais da GVT, segundo o diretor de marketing, Alcides Troller. Na avaliação dele, as operadoras de telefonia fixa estão procurando inovar a oferta de produtos diante da estagnação do setor e da competição com os celulares. Segundo Troller, com os pacotes a GVT perde margem em alguns itens, como nas ligações de fixo para móvel. Porém, ganha com o aumento do tráfego. "Em muitas casas, a GVT é a segunda linha. Queremos que, com esses planos, torne-se a primeira", diz.