Título: Venda de PCs cresce 44% no semestre, com menos espaço para os ilegais
Autor: Tais Fuoco
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2005, Empresas &, p. B3

Depois de assumir o nada honroso título de campeão mundial dos computadores ilegais no ano passado, o Brasil começou a mostrar fortes sinais de reação nos últimos meses, numa volta aos negócios formais. É o que mostra uma pesquisa divulgada ontem pela consultoria IDC. Segundo o levantamento, a participação do mercado cinza - de integradores que geralmente vendem micros sem marca e usam peças contrabandeadas, além de software pirata - recuou 9 pontos percentuais em agosto, em relação a dezembro de 2004. A presença dos ilegais continua alta, mas caiu de 74% para 65% das vendas totais, na primeira retração em 10 anos. "Foi um recuo importante, motivado tanto pelo impacto da chamada 'MP do Bem', que garantiu incentivos à indústria de computadores, como pelo lançamento da versão simplificada do Windows (Starter Edition), a queda do dólar e o trabalho da Receita Federal com os distribuidores ilegais", explicou o analista Ivair Rodrigues, do IDC. A MP 252 isentou do PIS/Cofins os microcomputadores de até R$ 2,5 mil, o que reduziu o preço final dos equipamentos em 9,25% e ajudou a atrair o consumidor de volta às lojas. Agora, a expectativa do varejo e da indústria é de que outros benefícios previstos no programa "Computador para Todos", do governo federal, ajudarão a fomentar ainda mais as vendas. Pelo projeto, máquinas que usam o sistema operacional Linux e custam até R$ 1,4 mil serão beneficiadas com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao varejo. "Quando chegar, esse financiamento vai ajudar um bocado ao baratear a prestação paga pela população", disse Rodrigues. No primeiro semestre, o mercado brasileiro registrou vendas de 2,5 milhões de computadores de mesa e modelos portáteis, um volume 44% superior frente ao mesmo período de 2004. Por conta desse desempenho, Rodrigues estima que o país fechará o ano com vendas em torno de 5,2 milhões de unidades, um patamar recorde. "No primeiro semestre, o mercado corporativo comprou muito", disse Rodrigues. O movimento nas empresas privadas provocou um salto significativo nos negócios em geral, mesmo na metade do ano tradicionalmente mais fraca. "No segundo semestre, acredito que o impulso virá do mercado residencial e do governo", disse Rodrigues. Apesar da crise política, existem várias licitações de computadores em execução por instâncias governamentais, que estão renovando seus parques, justificou o analista. "Não há porque o mercado ilegal não cair para pelo menos 50%, já que os preços hoje são muito parecidos (com os dos produtos oficiais)", disse Hélio Rotenberg, diretor da Positivo Informática, que hoje lidera as vendas de microcomputadores no país. O empresário lembrou que, com a isenção de impostos e a queda do dólar, o preço das máquinas legais pode chegar a um patamar parecido com o do mercado cinza, por volta de R$ 1,3 mil. No segundo trimestre, a Positivo foi líder do segmento "de marca" com 6,4% das vendas.