Título: Corrida bilionária de projetos no Brasil
Autor: Vera Saavedra Durão e Patrícia Nakamura
Fonte: Valor Econômico, 16/09/2005, Empresas &, p. B7
Até 2008, o Brasil vai receber investimentos de pelo menos US$ 2,5 bilhões em projetos de exploração de níquel, entre ampliação de operações já existentes e desenvolvimento de novas jazidas. Assim o país vai saltar da décima para a quarta posição entre os principais produtores mundiais, atrás de Rússia, Austrália e Canadá. A reserva brasileira de níquel é avaliada em 8,3 milhões de toneladas, considerada oitava maior do mundo. Entre os principais projetos estão o da Canico Resource, o da Vale do Rio Doce e as expansões da Votorantim Metais e da Anglo American. Nos próximos três anos, devem produzir juntos 160 mil toneladas anuais desse metal. A Canico já tem em mãos o estudo completo de viabilidade econômica de Onça Puma, realizado pela consultoria canadense Hatch e pela brasileira Odebrecht. A empresa parte agora em busca de recursos para a compra de equipamentos e para levar energia elétrica até a jazida. A vida útil da reserva é estimada em 68 anos. Toda a produção será destinada ao exterior. A empresa já gastou US$ 60 milhões no projeto para recuperação de rodovias estaduais e federais próximas à jazida. A empresa canadense já vinha discutindo com a Vale do Rio Doce os termos da utilização da Estrada de Ferro Carajás (EFC) para transportar o ferro-níquel de Marabá ao porto de Itaqui. Outras empresas também levam adiante seus projetos. A Votorantim Metais finaliza estudos de viabilidade para instalar uma usina em Niquelândia (GO), capaz de produzir 10 mil toneladas anuais de ferro-níquel. As obras devem exigir cerca de US$ 150 milhões e levarão dois anos para serem concluídas. A Anglo American já deu partida ao investimento de US$ 700 milhões para elevar sua produção em 40 mil toneladas (das atuais 10 mil ) com o projeto Barro Alto, em Goiás. Até meados de 2006 a também canadense Falconbridge decide se começa a explorar o mineral no país. Tudo vai depender dos estudos que estão sendo realizados na região do Araguaia, a 100 quilômetros de Carajás (PA). Na semana passada a empresa anunciou a descoberta de recursos "significativos" de níquel laterítico em Serra do Tapa e no Vale dos Sonhos. Caso saia do papel, a mina de níquel exigirá recursos entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão, investimentos semelhantes aos que serão feitos por Canico e Vale do Rio Doce, estima Hélio Diniz, diretor-geral da Falconbridge no Brasil. A oferta mundial de níquel deverá ficar apertada pelo menos nos próximos três anos, de acordo com o Standard Bank. A demanda chinesa e os estoques enxutos empurraram para cima os preços da commodity - saindo de US$ 8,6 mil em 2000 para US$ 13,8 mil no ano passado. Marcelo Melo, executivo da área de metais do Standard, a cotação média até 2008 pode oscilar entre US$ 14 mil e US$ 15 mil, atingindo picos de até US$ 20 mil. Ontem, em Londres (na LME), o preço do níquel teve a maior queda em nove meses, de 6,6%. Fechou cotado a US$ 13 mil a tonelada, devido ao um aumento dos estoques. No final deste ano os estoques na London Metal Exchange podem apontar um déficit de 5 mil toneladas do metal (consumo de 1,3 milhão de toneladas contra estoques de 1,295 milhão). Em 2006, pode haver um superávit de 20 mil toneladas, um patamar considerado tímido pelos especialistas. (PN)