Título: Vinte anos do PFL podem mudar estatuto
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 04/11/2004, Política, p. A-6

O PFL quer se firmar como terceira maior força política do Brasil e incluir-se na disputa da Presidência da República em 2006. Estas intenções estão claras nas reflexões que o PFL faz agora, depois das eleições municipais, com o objetivo de preparar um grande congresso de "refundação" do partido, em março do ano que vem, comemorando 20 anos da sua criação. Nesta revisão interna, que inclui o reestudo de estatutos e programas, o PFL deve incluir até mesmo seu nome e sigla. Consolidados os resultados das eleições municipais, constatou o PFL que perdeu muito, mas ainda tem muito. Elegeu três prefeituras a menos entre os 96 maiores municípios do Brasil e deixará de governar 2,5 milhões de eleitores, concentrados nessas cidades. Na comparação com as eleições de 2000, o PFL teve, no total, 13,37% menos votos, ou 1,735 milhão de eleitores - pior resultado entre todos os partidos. Mas ficou ainda com 12,5 milhões de votos, elegeu 790 prefeitos e elegeu, no primeiro turno, o prefeito da segunda maior cidade do país, Cesar Maia, no Rio. "Saímos das eleições mais unidos e isso vai permitir essa refundação do partido, 20 anos após sua criação", afirmou o líder do PFL na Câmara dos Deputados, José Carlos Aleluia (BA). Ele acredita que, com a vitória do PDT em Salvador, o grupo do senador Antonio Carlos Magalhães (ACM) volta a ser oposição ao governo federal e unifica ao PFL. Para se firmar com um partido nacional estruturado e com um propósito claro de poder, o PFL já decidiu sua bandeira: crescimento sustentável. "Vivemos um marasmo econômico de décadas e o partido que conseguir transmitir que o país pode crescer, de forma responsável, em níveis superiores à média mundial, vai atender a vontade do eleitor", disse. Aleluia acredita que esse era o propósito do eleitor a votar em Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, porém, com o continuísmo econômico, grande parte da população está frustrada. "Poderemos mostrar ao eleitor que somos diferentes do PSDB e do PT". Cesar Maia é considerado o principal presidenciável do partido, mas Aleluia não descarta outros nomes. "Precisamos ter um projeto e depois 'fulaniza-lo'", disse. O líder pefelista lembra que pode surgir um outro nome, como ocorreu com Roseana Sarney antes das eleições presidenciais de 2002, quando a pefelista chegou a liderar as pesquisas de intenção de votos. Aleluia quer manter o diálogo com o governo como oposição. Ele analisa que a situação do PT - que perdeu no Sul e Sudeste e cresceu nos grotões -, é semelhante à que se abateu sobre o PMDB na década de 80, quando era poder, o que acabou por enfraquecer o partido.