Título: Severino comunica renúncia a amigos e familiares
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Fonte: Valor Econômico, 19/09/2005, Política, p. A6

Com sua sucessão sendo abertamente discutida pelos partidos, o deputado Severino Cavalcanti deve esperar até depois de amanhã, quarta-feira, para anunciar a decisão de renunciar à presidência da Câmara, já comunicada a familiares, amigos e correligionários políticos. Antes, Severino gostaria de conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas até ontem o Palácio do Planalto não havia confirmado a audiência. A agenda de Lula hoje começa cedo, com uma reunião da coordenação de governo marcada para as 9h30, e se estende em compromissos sucessivos até às 18h. Severino passou o dia de ontem em casa, onde recebeu familiares, amigos e políticos. Não foram reuniões propriamente para discutir seu futuro político: os deputados, por exemplo, passaram boa parte da tarde assistindo à transmissão de um jogo de futebol, enquanto Severino tirava uma soneca. Na realidade, esse grupo mais próximo ao presidente da Câmara se reveza junto a Severino para tentar evitar que ele volte atrás e cometa alguma atitude intempestiva. Um exemplo de atitude intempestiva seria Severino trocar a renúncia por um pedido de licença médica por 120 dias. É a decisão que menos interessa ao governo, pois a presidência da Câmara ficaria por igual período nas mãos do deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL), e aos próprios correligionários do deputado. Enquanto ele estivesse de licença, o processo de cassação por quebra de decoro continuaria em tramitação na Câmara. Com a renúncia, a intenção de Severino é evitar a abertura do processo e o risco de ter o mandato cassado, com a conseqüente perda dos direitos políticos por oito anos. Ele só poderia disputar nova eleição em 2014. O deputado está com 84 anos e tem saúde frágil. Com a renúncia, poderá disputar a eleição do próximo ano e conseguir um novo mandato na Câmara. PSDB e PFL tentam, a partir desta semana, atrair o PMDB para uma candidatura conjunta à cadeira de Severino. Juntos, os três partidos somam no momento 194 votos - uma poderosa plataforma de largada para uma candidatura. O problema é que os partidos, sobretudo o PFL, encontram dificuldades para indicar um nome de consenso. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), por exemplo, apoiou o nome de Oscar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPI dos Correios, que é de partido diferente do seu, o PFL. O problema é que ACM está incomodado com os outros nomes surgidos na sigla: José Thomaz Nonô (PFL-AL) e José Carlos Aleluia (PFL-BA), que não pertencem a seu grupo político. Um novo nome surgiu nas discussões: Delfim Netto (PMDB-SP), onde Michel Temer ainda é opção. O PT também deve apresentar nomes. (RC)