Título: Novos corretivos, bases e pós tentam derrubar preconceito
Autor: Vanessa Barone
Fonte: Valor Econômico, 19/09/2005, Empresas &, p. B4

Maquiagem Givenchy, Lancôme e Avon lançam produtos que tratam a pele para atrair a consumidora arredia

Diante de uma prateleira de maquiagem, a mulher brasileira prefere a segurança do batom a se aventurar pelo mundo das bases ou pós. Ainda perdura o preconceito de que maquiagens para o rosto obstruem os poros e prejudicam a pele. A indústria, com novos produtos, vai tentar mudar esse quadro. Bases, corretivos e pós passam, agora, a agregar tratamentos que antes só eram encontrados em cosméticos, como ativos anti-rugas ou princípios que combatem a oleosidade excessiva ou ressecamento da pele. Junto com uma pele mais homogênea, a consumidora leva tratamento mais duradouro. Marcas internacionais como Givenchy e Lancôme têm investido pesado na idéia. A Lancôme coloca no mercado brasileiro, em outubro, a Absolue Teint, uma base para mulheres maduras e que promete devolver a hidratação perdida com a menopausa. "Há 30 anos as bases realmente não deixavam a pele respirar", diz Elizabeth Faria, gerente de treinamento da Lancôme, marca líder do setor de maquiagem no Brasil, entre as importadas. Segundo ela, outro ponto que contribuiu para a má fama das bases é que, até recentemente, a indústria usava um pigmento preto na mistura das cores. O preto deixava a pele acinzentada. "A Lancôme reduziu o uso do pigmento preto, substituindo-o por um de cor caramelo, que dá uma aparência mais saudável." Mas, além das cores, os grandes avanços da marca foram no sentido de transformar a base em um tratamento de beleza. A Lancôme tem produtos para atenuar rugas ou equilibrar áreas oleosas e secas do rosto - essas duas últimas propriedades num mesmo produto. "Um terço das mulheres entre 20 e 35 anos, do mundo, tem pele mista", afirma Elizabeth.

Até recentemente, usava-se um pigmento preto que deixava a pele acinzentada, contribuindo para afastar as clientes

Segundo a executiva, a tendência de mercado hoje é a de atender necessidades específicas. Ou seja, é o produto que se adapta às pessoas, não o contrário. "Houve avanços e, atualmente, até as peles oleosas ficam melhor com base", diz Elizabeth. O gerente de treinamento da Givenchy, no Brasil, Marcus Bari, lembra que os hidratantes com protetor solar deixavam a pele muito untuosa. Por isso, "a indústria tem tirado o protetor solar do hidratante, deixando-o mais leve e fino, e passando-o para a maquiagem". Segundo o executivo, isso não significa deixar bases e similares mais pesados. "Temos um pó, por exemplo, com textura ultrafina, com FPS 20 e ação hidratante", diz Bari. Outro produto dessa nova geração da Givenchy, que já se encontra no mercado nacional, é um corretivo para os olhos com favos de tangerina. O produto, além de mascarar as olheiras, ajuda a desinchar os olhos. A Avon oferece bases com tratamento para a o rosto em todas as suas linhas de maquiagem. Integrante da linha Beyond Color, a base cremosa Revitalizante da Avon é indicada para mulheres acima dos 30 anos. Contém, entre outras coisas, Retinol, Palmitato de Retinila e Beta-Caroteno. Seu uso contínuo, segundo o fabricante, uniformiza os tons da pele, deixando-a com aparência mais jovem. "Após duas semanas de uso, 71% das mulheres disseram que tiveram uma redução das linhas finas e rugas", diz Márcia Sales, gerente de maquiagem da Avon. Segundo ela, 82% das consumidoras notaram melhora na elasticidade da pele, 71% na firmeza, e 63% ficaram com aparência mais jovem. Isso significa que a base irá substituir os cosméticos? "Não. A concentração de agentes anti-envelhecimento é muito menor na maquiagem", diz Márcia. A inclusão de tecnologia na maquiagem tem muito mais a função de estimular o seu uso. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, em 2004, a produção nacional de maquiagens para o rosto cresceu 35,3%, para 300 toneladas, em relação a 2003. O faturamento, de R$ 104 milhões, aumentou 25,6% no mesmo período.