Título: VW amplia linha de produtos em Resende
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 19/09/2005, Empresas &, p. B7

Veículos Montadora vai entrar em novos segmentos: cargas leves, ônibus escolar e executivo e caminhões pesados

Há dois anos, 40 engenheiros brasileiros seguiram para Wolfsburg, onde fica a matriz do grupo Volkswagen AG, e Hannover, sede da Volkswagen Veículos Comerciais, na Alemanha. Eles voltaram agora com 40 engenheiros alemães que vão ajudá-los a concluir um projeto de modernização e ampliação da linha de caminhões e ônibus da montadora no Brasil. Durante dois anos, esses brasileiros e alemães trocaram experiências para aprimorar a melhor forma de fabricar veículos para o Brasil e outros países emergentes. Os brasileiros ensinaram aos alemães, por exemplo, a vantagem de o degrau de um caminhão ficar escondido e, assim, dificultar a ação de assaltantes. Essa troca de experiências entre a tecnologia alemã e a experiência brasileira representa o segundo ciclo de investimentos em veículos comerciais da companhia no Brasil. O primeiro ocorreu há nove anos, quando o grupo Volkswagen e sete fornecedores de peças investiram R$ 1 bilhão para experimentar na cidade de Resende (RJ) um novo sistema, chamado consórcio modular, para produzir caminhões e ônibus em conjunto. Agora, serão aplicados mais R$ 1 bilhão. Desta vez, os recursos, dos quais um terço vem em forma de linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão sendo destinados à renovação e ampliação da gama de veículos da marca até 2007. O programa começa com a entrada da Volks no segmento de veículos de carga leves, de cinco a oito toneladas, voltados a entregas nos centros urbanos. Nessa categoria, a montadora quer disputar mercado com modelos como Sprinter, da Mercedes-Benz, e Daily, da Iveco. Ao mesmo tempo, a empresa lança a linha de ônibus leves, voltados para o uso escolar e executivo. A segunda parte das novidades virá nos próximos meses, com o lançamento de caminhões pesados. Com isso, a VW passará a atuar em todos os segmentos do mercado - de 5 a 45 toneladas de peso bruto total. Isso significa que a montadora quer brigar também com os fabricantes de caminhões pesados, como Scania e Volvo. Com esse programa, a empresa dá continuidade à estratégia de concentrar no Brasil a produção de veículos de carga para os mercados emergentes. "Nosso produto nasceu para ser robusto", diz Roberto Cortes, vice-presidente mundial da divisão de veículos pesados da VW e presidente da filial no Brasil. A direção da empresa estima produzir 38 mil veículos este ano, contra de 37 mil em 2004. Segundo Cortes, não fosse a queda de vendas no terceiro trimestre, o volume chegaria a 40 mil unidades. As exportações vão crescer 30% este ano - 7,5 mil veículos. Mas, segundo Cortes, o volume embarcado para outros países poderia chegar a 10 mil unidades não fossem os aumentos de preços provocados pela desvalorização do dólar A montadora elevou os preços dos veículos vendidos no Chile e na Argentina entre 15% e 20%. Ao mesmo tempo, a empresa vai renovar a linha atual e adequar os motores para a próxima etapa da legislação de emissões de poluentes, o euro 3. Nessa etapa, a empresa, conhecida por se dedicar a veículos mais simples, começa também a oferecer caminhões com itens de conforto, como cabine-leito e teto alto, exigências dos motoristas para distâncias longas. O consórcio modular ganhou mais um parceiro. A Aethra Karmann-Ghia - AKC, será responsável pela armação de novas cabines. Agora, são oito fornecedores na fábrica de Resende. Nos últimos seis anos, a VW cresceu à média de 20% ao ano. Cortes diz que com o investimento, prevê retomar a média de 20% nos próximos dois anos.