Título: Crédito imobiliário cai, mas meta é mantida
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 19/09/2005, Finanças, p. C2

A liberação de crédito imobiliário dos bancos privados recuou em agosto, com o volume de novas concessões totalizando R$ 315,05 milhões, quase 40% menos que no mês anterior. No acumulado do ano, entretanto, a liberação de novos empréstimos ainda é 57,73% maior que no mesmo período de 2004, com R$ 2,87 bilhões. O número de unidades financiadas baixou para 3.798 em agosto, comparado a 5.573 em julho. Nos primeiros oito meses do ano, os bancos financiaram 34.494 unidades, com uma queda de 3,23% em comparação com o mesmo período de 2004. A queda no número de unidades, entretanto, não mostra a real evolução do mercado, que vem crescendo significativamente desde o ano passado. A estatística foi prejudicada na comparação com 2004, quando, nos meses de março e abril, um programa de financiamento para pessoas de baixa renda, promovido pelo banco estadual Nossa Caixa, inflou os números daquele período. O número de unidades de agosto está dentro da média mensal do ano passado. Os dados foram divulgados ontem pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), durante o seminário "Crédito Imobiliário no Brasil: Panorama, Soluções e Agenda Positiva". Os bancos têm um compromisso com o Banco Central (BC) e as entidades da construção como Secovi, Sinduscon e Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) de ampliar em 50% o volume de empréstimos liberados para a compra da casa própria até o fim do segundo semestre de 2005. O "funding" desses empréstimos é a caderneta de poupança, cujo saldo em agosto, de R$ 128,35 bilhões, caiu R$ 108 milhões comparado a julho. O diretor de Normas do BC, Sergio Darcy, que monitora o andamento do acordo, disse que o recuo de agosto representa apenas uma "calibragem" dos bancos. "Eles emprestaram muito em julho e reduziram em agosto para manter a meta de 50% no semestre", explicou o diretor do BC, que também participou do seminário da Abecip ontem em São Paulo. Para Darcy, não haverá problemas para que os bancos cumpram o acordo pelo qual devem ser liberados R$ 5,9 bilhões até dezembro. O BC espera que os bancos privados aumentem o total de empréstimos no ano que vem para R$ 10 bilhões e em 2007 para R$ 12 bilhões. O Bradesco anunciou ontem uma revisão das condições dos empréstimos para aquisição da casa própria. Segundo comunicado distribuído à imprensa, o banco está oferecendo, para os primeiros 36 meses do contrato, taxa de juros fixa de 0,949% ao mês, congelamento das prestações e do saldo devedor. O prazo para financiamento foi ampliado de 15 anos para 18 anos (216 meses) e o limite de financiamento do valor do imóvel subiu de 70% para 80%. A partir do 37º mês, a prestação passa a ser atualizada pela remuneração básica da poupança (TR) mais 12% ao ano. O banco informou que estará emprestando recursos para imóveis residenciais, novos ou usados, com avaliação entre R$ 40 mil e R$ 120 mil.