Título: Vasp descumpre acordo e deixa de pagar dívida com a Infraero
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 04/11/2004, Empresas, p. B-2
A Vasp deu novo calote na Infraero. Ao contrário da promessa feita pelo próprio presidente da companhia, Wagner Canhedo, ela pagou apenas R$ 154 mil do R$ 1,154 milhão que deveria ter entrado na conta da estatal até o último sábado. O dinheiro refere-se à primeira parcela do acordo fechado no mês passado para honrar, até o fim do ano, uma dívida de R$ 11,6 milhões com a Infraero, acumulada desde julho. Canhedo reprogramou o pagamento para o dia 22. Em meio à preparação de um pacote preparado pelo governo para socorrer a aviação civil, a Infraero resolveu aceitar. A dívida refere-se à falta de repasse, para a estatal, das taxas de embarque cobradas dos passageiros da Vasp. O acordo livrou a companhia de um processo, na Justiça Federal, por apropriação indébita. Segundo uma fonte da estatal, o processo não será aberto neste momento. A Infraero vai esperar que o calote de R$ 1 milhão seja revertido no dia 22. Logo após, no dia 30, vence a segunda parcela, de R$ 3 milhões. A última prestação tem pagamento agendado para o dia 22 de dezembro - será de R$ 7,5 milhões. Pesou favoravelmente à Vasp, na decisão da Infraero de não recorrer à Justiça, o fato de que a companhia tem sido pontual no repasse das taxas de embarque desde o início de outubro, quando aumentou a pressão da estatal sobre ela. Desde então, a Vasp é obrigada a depositar diariamente e de forma antecipada as taxas aeroportuárias. Até agora, esses depósitos somaram R$ 1,364 milhão. É pelo menos uma garantia de que a dívida não aumentará mais. Sem o pagamento, os aviões da Vasp simplesmente não decolam no dia seguinte. A Varig está sob o mesmo regime de cobrança - paga R$ 1,1 milhão diariamente à Infraero para poder voar. Diante das especulações de que o governo pode liberar nos próximos dias uma operação de socorro à própria Varig e ao setor aéreo como um todo, os funcionários da companhia gaúcha já reagiram. Divulgaram uma carta aberta em que pressionam o governo a aceitar uma proposta de recuperação da Varig elaborada pelo Congresso. Os funcionários, sob liderança da Associação dos Pilotos da Varig, dizem que é "difícil encontrar uma lógica" na adoção de uma medida provisória para dissolver ou liqüidar a companhia. "Há uma solução viável e responsável", diz a carta.