Título: PTB endossa Jefferson na retirada de processo contra Dirceu e Mabel
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 22/09/2005, Política, p. A6

O presidente do PTB, Flávio Martinez (PR), entregou ontem ao Conselho de Ética representação pedindo, novamente, a retirada dos processos por quebra de decoro parlamentar contra os deputados José Dirceu (PT-SP) e Sandro Mabel (PL-GO). O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), leu o pedido de Martinez, mas o Conselho optou por manter a decisão de terça-feira, de que um eventual pedido pela retirada dos processos não vai interromper as representações. Na terça-feira, o líder do PTB, deputado José Múcio Monteiro (PE), havia dito que o partido havia desistido de pedir a retirada da representação que deu origem aos processos contra os dois parlamentares depois que o Conselho aprovou parecer da consultoria jurídica mantendo a investigação. Essa posição divergia da de Martinez que, em São Paulo, havia dito que o partidos insistiria na retirada, a pedido do ex-deputado Roberto Jefferson, cassado na semana passada: "Ele (Jefferson) está se sentindo usado. E não estamos querendo negar o pedido de um deputado do partido que já foi cassado". Também na terça, o advogado de Dirceu, José Luis de Oliveira Lima, criticou a decisão do Conselho afirmando que o órgão não poderia rejeitar a iniciativa do PTB antes de o partido oficializar o pedido. Ainda segundo o advogado, o deputado vai recorrer, até mesmo ao Supremo Tribunal Federal (STF), para fazer a representação do PTB desistindo do processo por quebra de decoro parlamentar. Em entrevista após prestar depoimento em sessão fechada da Corregedoria da Câmara, Dirceu fez duras críticas ao Conselho de Ética pelo fato de o órgão ter se antecipado e julgado se seria possível aceitar uma representação do PTB para retirar os processos contra ele e Sandro Mabel. Dirceu disse que a atitude do Conselho foi arbitrária. "Quero protestar contra o Conselho de Ética, que se reuniu ontem e decidiu por aprovar um parecer contrário a um pedido que nem havia sido feito ainda. Imaginem a situação que estamos vivendo no país. Alguém diz que vai fazer algo, o Conselho de Ética se reúne e diz que não pode ser feito. Salta à vista. Isso é uma violência, uma arbritariedade. Sempre vou protestar quando não tiver direito de defesa ou violarem o procedimento legal. Não me interessa o mérito, foi uma violência". Dirceu disse ainda que até agora não há provas contra ele e lembrou que não é réu confesso: "A não ser que queiram me cassar pelo que eu representei pelo governo, pelo que eu representei pelo PT e pelo que eu representei para a história do país. Todo julgamento político tem que ter prova, senão estamos na ditadura, na tirania. A não ser que queiram me banir da vida política do país e me afastar do PT", afirmou. Hoje, o Conselho de Ética ouve a presidente do Banco Rural, Kátia Rabello, que vai depor como testemunha de acusação contra Dirceu. (Com agências noticiosas)