Título: Na Itaúsa, área tem desfecho relâmpago
Autor: Ricardo Cesar e João Luiz Rosa
Fonte: Valor Econômico, 23/09/2005, Empresas &, p. B3

O desfecho dado pela holding Itaúsa à sua operação de semicondutores foi tão rápida que, ontem, quando a ata da assembléia de constituição da Companhia Brasileira de Componentes (Ciabraco) - criada para concentrar essas operações - foi publicada no Diário Oficial, o grupo já havia decidido fechar o negócio. Foi um raro caso em que a certidão de nascimento veio depois da de óbito. Há algum tempo o grupo dava sinais de que os negócios de semicondutores, originalmente concentrados na então Itautec Philco, não iam bem. Em maio, numa entrevista ao Valor, Paulo Setubal, presidente da empresa, disse que a área de componentes eletrônicos acumulava prejuízo e informou que estava em busca de um parceiro tecnológico. Se nada ocorresse, afirmou na ocasião, a operação poderia ser fechada ou vendida. Na época, a Itaúsa estudava como colocar em prática uma reestruturação recomendada pela consultoria McKinsey. Em julho, a Itautec separou a unidade de componentes em uma empresa independente, a Ciabraco, ligada diretamente à Itaúsa. A história não parou aí. Em agosto, a holding desmembrou a Philco - a divisão de produtos de consumo da Itautec - e a vendeu para a Gradiente. Poucas semanas depois, numa decisão surpreendente, anunciou a desativação da Ciabraco até o fim do ano. Com a saída da Philco e da Ciabraco, a Itautec perdeu 37% do faturamento obtido no primeiro semestre. Já em relação ao lucro, a redução foi menor: 23%. É nesta diferença que a Itautec apóia sua estratégia recente. Segundo a empresa, o objetivo é concentrar os negócios nas áreas de maior margem - automação, computadores e serviços -, que responderam por 77% dos ganhos no semestre. Na ata de constituição, a relação de ativos da Ciabraco inclui estoques de R$ 19,9 milhões e itens permanentes, como equipamentos, de R$ 36,3 milhões. Segundo a avaliação, feita pela auditoria PricewaterhouseCoopers, a empresa também dispõe de R$ 11,6 milhões em recursos (dinheiro em caixa, aplicações etc). Ao todo, o patrimônio líquido é de R$ 48,6 milhões, uma parcela pequena frente aos R$ 347,8 milhões da Itautec Philco de antes da cisão. O fim da Ciabraco abre especulações sobre o destino da fábrica de Jundiaí (SP). A fabricação de placas de circuito impresso e duas das fases de produção de semicondutores - a de encapsulamento e a de teste - serão encerradas até o fim do ano. A etapa final do processo de semicondutores, a montagem dos módulos, será transferida para a Itautec, em São Paulo. Uma fonte a par dos negócios diz que a fábrica não vai fechar. A Itaúsa teria planos de usar as instalações para fortalecer as demais áreas de negócios, principalmente nas linhas com mais chances de exportação. (JLR)