Título: Bahia atrai novos projetos no valor de R$ 200 milhões
Autor: Patrick Cruz
Fonte: Valor Econômico, 23/09/2005, Empresas &, p. B7

Mineração Grupos nacionais e múltis investem em fosfato, vanádio e gipsita

O setor de mineração da Bahia, que se notabiliza pela extração de produtos como o concentrado de cobre e a cromita, que entra na composição das ligas de cromo, utilizadas na fabricação de aços especiais, está abrindo novas frentes de atuação. Projetos em andamento no setor podem atrair para o Estado investimentos superiores a R$ 200 milhões. A Vanádio de Maracás (VML) retomou o plano de explorar comercialmente uma jazida de vanádio descoberta nos anos 80 que possui reservas de 13,5 milhões de toneladas, usado principalmente como componente de ligas de aço, mas também aproveitado em cerâmicas e supercondutores. Segundo análise prévia, o projeto exigirá investimentos de US$ 72,2 milhões e poderá gerar uma receita bruta anual de US$ 39 milhões quando estiver operando com capacidade plena. A jazida do mineral está localizada na cidade de Maracás, a 367 quilômetros de Salvador. Descoberta pela estatal Companhia Baiana de Pesquisa e Mineração (CBPM), a jazida foi repassada à Caemi ainda nos anos 80, mas o projeto não foi levado adiante, entre outros motivos, pelo baixo preço do vanádio no mercado internacional. Hoje, com o aumento do consumo mundial do aço, o mineral voltou a valorizar-se - perto de 75% do vanádio explorado no mundo é consumido pela indústria siderúrgica. A VML tem como cotista majoritário a Companhia de Maracás S.A., formada pela Caemi e a Odebrecht Mineração. A empresa aguarda desde abril pela licença ambiental para trabalhar na área. Desse documento depende a expedição da portaria de lavra pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) - a portaria autoriza a exploração comercial da jazida. O órgão já aprovou o plano de aproveitamento econômico da área. Segundo projeções, a capacidade é de extrair 4,5 mil toneladas do mineral por ano. Além da lavra do minério, o projeto inclui a construção de uma usina de beneficiamento. A multinacional Knauf também se prepara para operar uma nova frente na mineração baiana. A empresa está prestes a iniciar o trabalho de lavra subterrânea de gipsita, mineral que entra na cadeia de fabricação do gesso e também é aproveitado comercialmente na construção civil. O projeto de exploração do mineral é no município de Camamu, a 335 quilômetros de Salvador. A capacidade poderá ficar entre 250 mil a 300 mil toneladas de gipsita ao ano, segundo as estimativas. A empresa, que assinou com o governo baiano o protocolo de investimento no Estado nos últimos dias de dezembro de 2002, já está treinando os funcionários que trabalharão na área. O investimento no projeto é de R$ 20 milhões. "Esses novos investimentos podem alterar a matriz mineral da Bahia", diz Adalberto Ribeiro, coordenador de mineração da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado. O especialista em mineração da PricewaterhouseCoopers, Geovani Fagunde, é mais comedido. "Só com o tempo vai se poder ver se a matriz mineral vai ser alterada", disse. "E se a Bahia não oferecer boas condições de infra-estrutura, pode perder em competitividade para outros Estados." A Galvani, que já explora fosfato em Irecê, a 490 quilômetros de Salvador, está em fase de pré-operação em uma nova jazida localizada em Angico dos Dias, distrito de Campo Alegre de Lourdes, na divisa com o Piauí, a 799 quilômetros da capital. Segundo o diretor presidente da companhia, Rodolfo Galvani Júnior, a extração anual será de 150 mil toneladas e a operação efetiva começará em janeiro. O mineral será consumido pela fábrica de fertilizantes que a empresa tem em Luís Eduardo Magalhães, no Oeste do Estado. A Mineração Brasileira de Ferro (MBF), controlada pelo geólogo João Carlos Cavalcanti, tem os direitos sobre uma área de ocorrência de minério de ferro em Caetité, a 757 quilômetros de Salvador. As reservas do local são estimadas em quatro bilhões de toneladas. Cavalcanti diz já ter vendido a área a um investidor estrangeiro (no mercado, fala-se na Mittal), mas há um impasse envolvendo a Metal Data, empresa que o geólogo contratou para intermediar um leilão internacional. A Metal Data afirma ter havido quebra de contrato, já que o alegado acordo teria sido feito sem sua participação.