Título: Governo libera registro para glifosato genérico
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 23/09/2005, Agronegócios, p. B12

Defensivos

O Ministério da Agricultura concedeu ontem (dia 22) à Atanor do Brasil o primeiro registro de um genérico de glifosato - o herbicida mais vendido no país, hoje produzido localmente pela americana Monsanto e pela brasileira Nortox. O registro é resultado de um esforço conjunto dos ministérios da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente para agilizar a liberação comercial de defensivos, e deverá acelerar os planos de investimentos da subsidiária do grupo argentino - controlado pela múlti americana Albaugh. Luís Eduardo Rangel, assistente do Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos do Ministério da Agricultura, disse que esses pedidos normalmente levam três anos para serem aprovados, mas com o esforço coletivo o prazo foi reduzido para seis meses. O objetivo, segundo ele, é acelerar a liberação de produtos com similar no mercado. Hoje, existem 26 pedidos em fase de análise (entre herbicidas, inseticidas e fungicidas), dos quais dez devem ser liberados ainda neste ano. A obtenção do registro permitirá que a argentina Atanor acelere a expansão de sua filial brasileira. Sebastião Canavese, gerente de exportações do grupo, disse que no curto prazo a empresa importará o produto da Argentina e, a partir de 2007, terá produção própria no Brasil. Para isso, o grupo comprou da Syngenta, em fevereiro, uma fábrica em Resende (RJ), por um valor não divulgado. Canavese diz que a empresa aguarda licença do governo para iniciar as obras na fábrica, que absorverão cerca de US$ 50 milhões. Segundo Canavese, a empresa está buscando financiamento para o projeto, que deve ser concluído em até 18 meses. A fábrica terá capacidade para produzir 40 milhões de litros de produtos por ano. Ele diz que o foco principal será o mercado brasileiro, mas não descarta a hipótese de exportar parte da produção. A Atanor está no Brasil desde 1997 com escritório no Rio Grande do Sul, mas só em 2004 obteve o registro dos primeiros defensivos. Canavese diz que a empresa vende entre 4 milhões e 5 milhões de litros de produtos por ano, todos importados. "A idéia é expandir as vendas no Brasil com produção própria". O registro do herbicida foi comemorado pela Andef e pelo Sindag - entidades que reúnem as maiores indústrias de defensivos do país. "Com a agilização dos registros, o mercado terá mais produtos e as indústrias poderão reduzir custos e preços", afirmou José Roberto da Ros, vice-presidente do Sindag. Ele observa que o glifosato, por ser usado para a proteção de lavouras de soja transgênica, é hoje o herbicida mais vendido no país. "E com as previsões de aumento da área plantada com soja transgênica, a tendência é aumentar as vendas desse defensivo ainda mais". Cristiano Simon, presidente da Andef, observou que a aceleração nos processos de registro permitirá às indústrias aumentar o portfólio de produtos de custo mais baixo. Monsanto e Nortox não comentaram o assunto.