Título: No Brasil, movimento também está em alta
Autor: Ricardo Cesar, João Luiz Rosa e Taís Fuoco
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2005, Empresas &, p. B3

Não é só nos Estados Unidos que os negócios envolvendo empresas de internet e tecnologia da informação voltaram com força. No Brasil, as aquisições também estão em alta. Vários acordos foram fechados nos últimos meses e a previsão é que mais movimento está por vir. Entre os negócios mais esperados estão os que envolvem a CPM e a Scopus. Ambas estariam sendo colocadas à venda pelo Bradesco. A multinacional de serviços Electronic Data Systems (EDS) já demonstrou interesse pela CPM, que atua na mesma área. Na sexta-feira, Chu Tung, presidente da EDS no país, afirmou que a companhia "irá examinar" os números da CPM para estudar uma possível oferta. "Estamos sempre atentos a oportunidades de aquisição, mas no Brasil um dos problemas é o risco trabalhista", afirmou Tung. Apesar disso e da existência de "vários interessados", a CPM será avaliada, disse o executivo, em entrevista ao Valor. O Bradesco detém 49% da CPM, cuja operação de venda estaria sob coordenação do Goldman Sachs. Os demais 51% pertencem à IT Partners, empresa que tem entre seus sócios fundos de participação em empresas do Deutsche e GE Capital. Já a Scopus, que dá assistência à rede de auto-atendimento do Bradesco, é totalmente controlada pelo banco, que estaria coordenando sua possível alienação. A IBM também pode protagonizar algum movimento nos próximos meses. No ano passado, a corporação incluiu o Brasil em seu clube de mercados prioritários, com a liberação de recursos para a aquisição de empresas no país ou a criação de novas áreas de negócios. Até agora, no entanto, nenhuma compra foi anunciada. A largada para a temporada de fusões e aquisições foi dada em fevereiro pela fornecedora de softwares de gestão Microsiga, que comprou a concorrente Logocenter. O negócio foi viabilizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que injetou R$ 40 milhões em troca de 17% de participação na empresa resultante, a holding Totvs (lê-se Tótus). O dinheiro permitiu a saída do fundo de investimento Advent International, que detinha participação na Microsiga. Com previsão de faturar R$ 420 milhões em 2005 - considerando toda a rede de franquias e representantes -, a Totvs tornou-se a maior empresa brasileira de sistemas de gestão. A holding ainda viria a fazer mais duas aquisições. Em junho, comprou a APSoft, especializada em programas para a área de saúde. No mês seguinte, adquiriu participação majoritária na BMI, consultoria de negócios do grupo Chieko Aoki, que controla a rede Blue Tree de hotéis, e criou a subsidiária Totvs-BMI. Laércio Cosentino, presidente da Totvs, ainda quer mais: "o quebra-cabeças não está completo", afirmou em recente entrevista ao Valor. Após o negócio que deu origem à Totvs, as concorrentes Datasul e RM Sistemas - respectivamente segunda e terceira maiores do ranking do setor - adotaram uma política de aquisições "cirúrgicas". Nos dois casos, os alvos são pequenos fornecedores, especializados em segmentos que mostram crescente demanda por sistemas de gestão ou que tenham negócios considerados complementares. Seguindo essa estratégia, em maio a Datasul comprou a DZSet, uma pequena fornecedora especializada na área de saúde com quem já mantinha parceria. No fim de julho, a mineira RM Sistemas adquiriu a operação de terceirização de recursos humanos da Holomática Assessoria, empresa de São Bernardo do Campo (SP), e constituiu a RM Outsourcing, que tem previsão de faturar R$ 10 milhões em 2005. O setor de internet também se agitou no país. Em abril, a Overture, braço do Yahoo que vende publicidade on-line, comprou a concorrente TeRespondo. Mas o maior impacto veio com o anúncio da chegada do Google ao mercado nacional. Em julho, o mais popular serviço de buscas na web adquiriu a mineira Akwan e a transformou em seu primeiro centro de pesquisas na América Latina. A chegada do Google era esperada desde o ano passado, mas só foi confirmada em junho. (*Do Valor Online)