Título: Coimex pode investir US$ 100 milhões em usina no Maranhão
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 26/09/2005, Agronegócios, p. B12

Estratégia Governador do Estado revela planos para investir R$ 150 milhões em infra-estrutura portuária

A Coimex Trading estuda construir uma usina de açúcar e álcool no Maranhão, considerado uma das mais promissoras novas fronteiras agrícolas do país. "Estamos analisando as possibilidades de construir uma usina nova ou de comprar uma unidade já instalada", afirmou Clayton Hygino de Miranda, presidente da empresa. Os investimentos estão estimados em US$ 100 milhões. A usina teria capacidade para moer 2 milhões de toneladas de cana, voltadas à produção de açúcar e álcool. Para bater o martelo, Miranda aguarda definições de planos mais concretos de investimentos do governo do Estado em logística no porto de Itaqui. Em entrevista ao Valor, o governador José Reinaldo Tavares (PTB) afirmou que o Estado deverá investir R$ 150 milhões, em parceria com o governo federal, em terminais para açúcar e álcool em Itaqui. Segundo ele, os recursos também envolvem melhorias na estrutura de armazenagem para os dois produtos e a ampliação da atual estrutura para soja. "O Maranhão tem infra-estrutura logística diferenciada, capacidade para receber navios de maior porte e infra-estrutura ferroviária, o que barateia os custos de produção e o frete", disse Tavares. O governador afirmou que 20 usinas poderão ser instaladas no Estado nos próximos cinco anos, com a concessão de benefícios fiscais, em um investimento total que poderá chegar a US$ 1 bilhão. Hoje são três usinas instaladas, com produção total de 1,7 milhão de toneladas. Outras três unidades estão em reformas. "Temos conversas com várias empresas do país e estrangeiras interessadas em se instalar no Estado", garantiu o governador. Ao contrário do Estado de Pernambuco, que tem tradição sucroalcooleira mas limitações para ampliar os canaviais, o Maranhão tem condições climáticas adequadas, com bons índice pluviométricos, topografia plana e solo fértil. Renato Cunha, presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), disse que há duas maneiras de expandir canaviais na região Nordeste. A primeira, em discussão com o governo federal, está ligada a um projeto de irrigação na região do rio São Francisco. A outra é justamente expandir a produção em Estados como Maranhão e Piauí. "A média de produção do Nordeste gira em torno de 55 milhões de toneladas de cana. Com a expansão, a produção na região pode saltar para algo em torno de 70 milhões e 75 milhões de toneladas de cana", disse Cunha. O Maranhão tem hoje cerca de 20 mil hectares de cana plantada e a área poderá atingir 400 mil hectares nos cinco próximos anos. A Coimex, com sede em São Paulo e faturamento estimado em US$ 880 milhões para este ano, é a quarta maior exportadora de açúcar do país e a maior de álcool. O grupo também negocia soja, milho e café. Em agosto, a trading anunciou seu plano de controlar uma usina de açúcar e álcool no país, uma vez que tem interesse direto na exportação dos dois produtos e poderá embarcar álcool próprio para sua planta na Jamaica, em um investimento de US$ 9 milhões concluído este ano. A planta, em operação desde maio último, recebe álcool hidratado do Brasil e reindustrializa o produto para exportá-lo aos Estados Unidos. Miranda afirmou que o grupo de estudos formado para discutir as estratégias da empresa deverá definir o projeto no Maranhão até o início do ano. Se os planos não forem adiante, a empresa deverá usar os US$ 100 milhões para comprar uma usina já instalada no Centro-Sul. Na década de 80, o grupo se desfez de uma destilaria que controlava no Espírito Santo porque o negócio não era interessante naquela época.